ROMA, terça-feira, 30 de agosto de 2011 (ZENIT.org) – Em Nova Iorque, a publicidade é uma arte. Em cada rua, vendedores, painéis luminosos e vitrines atraem transeuntes com comida, tecnologia e qualquer produto que se possa desejar. Deveria ser então surpreendente um grande cartaz vermelho numa igreja católica romana anunciando confissões? Francamente, eu fiquei estupefata. Correndo do museu para a biblioteca, para jantar com amigos, a última coisa em que eu pensava era no sacramento da reconciliação.
A paróquia de Santa Inês é uma elegante igreja no número 143 E da Rua 43, que o antigo prefeito de Nova Iorque, Ed Koch, descreveu como “a rua mais transitada do mundo”. A igreja oferece três horas de confissões e sete missas por dia. Intrigada, fui visitá-la. Anna Megan, que administra a igreja, me recebeu. A primeira coisa que ela fez foi destacar a importante localização da igreja. “A meia quadra da estação Grand Central e do outro lado da rua do edifício Chrysler, a Santa Inês está no centro do tráfego de viajantes e turistas”.
O número de fiéis de Santa Inês é pequeno, mas constante, em torno de 400 pessoas. Mas podem chegar a mais de 10.000 nas férias, quando as pessoas assistem às missas e se confessam nos dias festivos e nas viagens. Graças a este intenso fluxo, a interseção da igreja foi renomeada como Fulton Sheen Place em 1990, em homenagem ao grande comunicador católico.
Santa Inês foi construída em 1873 para os trabalhadores da estação Grand Central, mas pegou fogo em 1992. A igreja atual, reconstruída em 1998, foi remodelada seguindo o modelo do Gesù, uma das basílicas romanas mais conhecidas pelo sacramento da penitência. Durante 30 anos, Santa Inês ofereceu um horário regular de confissões diárias. É o resultado não só de uma iniciativa pastoral, mas também da insistência dos fiéis.
Visitei a paróquia à uma da tarde, quando começava a adoração eucarística, com a igreja cheia em três quartos da sua capacidade. Toda a diversidade étnica, econômica e estética de Nova Iorque se ajoelhava unida nos bancos. Jovens com idosos, tatuagens com véus, bolsas de grife com sacolas de papelão.
Há muitas outras igrejas que oferecem confissões regulares em Nova Iorque, é claro. A catedral de São Patrício oferece confissões durante as manhãs e no almoço, e o santuário de Santo Antônio as oferece com tanta frequência que é conhecido como o confessionário de Nova Iorque.
Mas depois de ver tantas igrejas fechadas durante todo o dia nos Estados Unidos, e os boletins paroquiais anunciando discretamente os horários de confissões (só aos sábados, de 3:15 a 3:30, ou mediante agendamento), Santa Inês é uma maravilha e um modelo para muitas.
Perguntei sobre as dificuldades de manter a igreja aberta todo o dia e de provê-la de padres para os sacramentos. Megan me disse que os fiéis colaboram para que a igreja fique aberta, custodiando o tabernáculo.
Embora só haja um sacerdote diocesano na paróquia, o padre Richard Adams, normalmente cinco ou seis padres de lugares como as Filipinas, Gana ou Birmânia ajudam com os sacramentos.
Esta disponibilidade dos sacramentos ficou tão popular que há sempre filas nos dois confessionários, e mais de uma vez foi chamado um padre na hora do almoço ou do jantar para atender alguma alma em trânsito. São João Maria Vianney ficaria muito orgulhoso.
Numa cidade em que cada canto oferece produtos para que a aparência das pessoas esteja sempre pronta para uma foto, Santa Inês promove um tratamento de limpeza muito mais profundo.
Por Elizabeth Lev
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