Mostrando postagens com marcador Quaresma. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Quaresma. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Retiro no Mosteiro Trapista - Carnaval de 2013

Nos dias 9, 10, 11 e 12 de fevereiro estivemos no Mosteiro Trapista, em Campo do Tenente/PR, para mais um retiro do Movimento da Transfiguração no período do carnaval. Foi um momento de muita graça e aprofundamento da nossa fé. O tema do retiro foi "A Fé como caminho para a caridade", pregado por mim a partir da mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2013, enfocando também os pecados capitais e as purificações da alma (São João da Cruz). 
Durante o retiro tivemos também uma explanação do Pe. Alexandre sobre confissão e como preparar-se para ela.
Com certeza um dos pontos mais fortes do retiro foi a pregação do Abade Bernardo, que sempre nos edifica pelo seu testemunho e por suas palavras que penetram de forma profunda cada um de nós.
Veja abaixo as fotos:














Foto com D. Abade Bernardo, depois da pregação que ele deu para nós


sábado, 24 de março de 2012

Quaresma - visita ao Jardim Tiradentes - Goiânia/GO

No dia 24 de março, sábado, fomos visitar o trabalho das Irmãs de Nossa Senhora Imaculada Rainha da Paz, no Setor Jardim Tiradentes, com a catequese de 100 crianças e uma creche que atende 95 crianças. Nossa visita consistiu em uma breve palavra sobre a grande riqueza de ser filho de Deus, seguida de um momento de oração com músicas alegres e participativas. Depois foi oferecido um lanche para as crianças da catequse, momento em que pudemos conviver um pouco mais com elas.
Em seguida, fomos a capela para fazer um momento de oração e seguimos para conhecer a creche, administrada pelas irmãs. Veja abaixo as fotos de nossa visita:





















sexta-feira, 16 de março de 2012

4º Domingo da quaresma ano B - Jo 3,14-21

   O nosso texto de hoje faz parte de um texto ainda maior que é o diálogo de Jesus com Nicodemos (cf, Jo 3,1-21). Nicodemos era um fariseu que procurou Jesus no meio da noite. O texto começa fazendo referência a um episódio do Antigo Testamento, quando o povo ainda caminhava peregrino no deserto, rumo à terra santa. O texto diz: “Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram muitos. O povo veio a Moisés e disse-lhe: ‘Pecamos, murmurando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes.’ Moisés intercedeu pelo povo, e o Senhor disse a Moisés: ‘Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.’ Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida”. (Nm 21, 6-9)
Com essa referência, podemos compreender dois aspectos fundamentais no evangelho de João, sobre a cruz de Jesus: primeiro, que a cruz é o trono de Jesus aqui na terra, onde ele é “enaltecido” e “glorificado”; segundo, que essa glorificação é o meio da salvação da humanidade. Assim como a serpente foi elevado sobre uma haste e todos os que olharam para ela foram curados, Jesus, ao ser elevado na cruz, torna-se causa de salvação para todos os que o contemplam.
A cruz é o momento de maior revelação daquilo que Deus veio trazer ao mundo e isso se torna evidente com a frase central do texto: “pois de tal modo Deus amou o mundo, que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”. Na cruz está a grande revelação de quem é Deus e de como ele age; e todo o evangelho de João está centrado nesta “hora” de grande revelação que é a cruz.
   A cruz, como a grande revelação de Deus aos homens, tem como consequência uma necessidade de resposta diante desse dom sem limite que é o amor de Deus revelado em Jesus crucificado. Esse dom radical de Deus para com a humanidade exige uma decisão, também radical, de crer em Jesus.
Percebemos nesse texto algo profundamente significativo: “de fato Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. Então, na verdade, o julgamento não é feito por Deus, mas pelo próprio ser humano quando toma posição diante do fato do dom de Deus revelado em plenitude na pessoa de Jesus crucificado. No evangelho de João esse julgamento não é só no último momento da vida humana, mas é também no presente. A cada momento da existência humana, a Palavra de Deus interpela para que ele tome posição.
A conclusão do nosso texto é com uma linguagem tipicamente joanina, através dos símbolos da luz e das trevas. Jesus é a luz que veio ao mundo e o julgamento se dá no ato de quem acolhe ou rejeita esta luz.  A ênfase não é moral, no sentido de quem tem quedas ou pecados ou pelo número deles, mas na opção fundamental daqueles que amam a luz, ou seja, acolhem a Jesus; ou dos que odeiam a luz, em outras palavras, rejeitam a Jesus.
A compreensão referente a cruz que é especifica do evangelho de João, pode nos ajudar a tirar uma imagem reduzida da cruz como unicamente sofrimento. Vimos que a cruz é “enaltecimento” e “glorificação” de Jesus, porque a glória de Deus é amar o homem em plenitude. Na cruz, Deus faz o seu grande ato de doação ao homem.
Precisamos mergulhar neste aspecto revelador da cruz de Cristo, tanto para experimentarmos esse amor, como para podemos manifestar o nosso amor aos nossos irmãos e irmãs, fazendo da nossa vida uma autêntica doação aos que estão sobre a nossa responsabilidade, aos que estão próximos e, principalmente, aos mais necessitados. Estaremos verdadeiramente abraçando a cruz de Cristo quando vivermos a nossa vida em doação para os outros.
Encerraremos com a oração da Coleta (oração que é feita pelo presidente da celebração, antes da primeira leitura) da celebração Eucarística do quarto domingo da Quaresma: “Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheios de fervor e exultando de fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Caminhada Penitencial reúne 200 mil pessoas em Salvador


Neste último domingo, em que a Igreja celebrou o 3º domingo da Quaresma, cerca de 200 mil fiéis da arquidiocese de Salvador participaram de uma caminhada penitencial, acompanhados do arcebispo metropolitano de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.
O evento reuniu contou com uma
missa campal em frente à Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio, presidida Dom Murilo, e ao final da celebração, os fiéis saíram em procissão até a Basílica do Senhor do Bonfim.
Demonstrações de fé e devoção, além de símbolos que resumem a espiritualidade quaresmal, como a cruz e a bênção da água marcaram a Caminhada, informou o portal da CNBB sobre a atividade na Bahia.
“A cruz que nos acompanhará lembra aquela que é a marca da nossa
vida. A Caminhada Penitencial já tem uma rica tradição em nossa arquidiocese e, particularmente, em nossa cidade”, disse dom Murilo Krieger aos fiéis.
Ao passar pelas Obras Sociais Irmã Dulce, cujos 20 anos de falecida foi recordado recentemente, os fiéis também fizeram um exercício de caridade, deixando doações no hospital fundando pela beata baiana.

D. Gregório Paixão, Bispo Auxiliar

A grande adesão das pessoas este ano ao evento fez que um novo momento de oração fosse vivido antes do encerramento, informa também a CNBB. Antes de reunir todos os fiéis na praça em frente à Igreja do Bonfim para a benção final do Arcebispo, os fiéis rezaram a oração mariana do terço.

sábado, 10 de março de 2012

3º Domingo da quaresma ano B - Jo 2,13-25


O nosso texto da purificação do Templo de Jerusalém segundo o evangelho de João, coloca-nos diante de uma diferença dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Nos sinóticos, a expulsão dos vendilhões do Templo é colocada no final da missão de Jesus, e no evangelho de João é colocada logo no inicio.
A diferença não fica só no aspecto cronológica do evangelho, mas também de significado. Nos sinóticos, o sentido do texto é mais na direção moral – e é a forma que estamos mais acostumados a interpretar – onde Jesus está purificando o Templo de tudo o que não é coerente com o culto autêntico, como por exemplo, o comércio.
No evangelho de João, o sentido é mais direcionado à dimensão teológica, mais especificamente na dimensão cristológica. Em outras palavras, é um ensinamento sobre a identidade de Jesus. Isso fica bem evidente com o comentário do texto que diz: “ele estava falando do templo do seu corpo”. Seus discípulos só poderão compreender o sentido mais profundo desde gesto de Jesus, após a sua ressurreição. Assim chegamos à conclusão central do nosso texto: Jesus ressuscitado é o novo templo.
O Templo de Jerusalém tinha dois significados fundamentais para o povo: primeiro, o Templo era o lugar da manifestação da presença de Deus no meio do seu povo; segundo, era lugar de comunhão de todas as tribos, porque era lá que todos se reuniam para oferecer sacrifícios a Deus.
O evangelho de João é marcado por ações simbólicas de Jesus nas grandes festas e nos lugares principais da vida religiosa do povo. Essas ações simbólicas revelam que a presença de Jesus suplanta as realidades antigas e, no caso do nosso texto, Jesus suplanta o Templo porque ele é agora aquele que traz a presença de Deus para o meio do seu povo, e é ao redor de Jesus e de sua Palavra que o novo povo de Deus, que é a Igreja, se reúne para estar em comunhão.
Provavelmente, o evangelho de João coloca a ação de Jesus no Templo no inicio de sua missão para, desde o inicio, deixar bem clara a posição e a ação de Jesus, já que o Templo era o lugar mais importante e sagrado do povo judeu.
O Templo foi construído pela primeira vez pelo rei Salomão e foi destruído por volta do ano 587 a.C., quando Jerusalém foi conquistada por Nabucodonosor. Ele foi reconstruído de forma simples com a volta dos exilados da babilônia por volta do ano 515 a.C., e foi reformado (praticamente reconstruído) por Erodes Magno em 20 a.C.. Esta obra era magnífica e é isto que, no nosso texto, os discípulos mostram a Jesus. Vejamos o comentário de um famoso historiador da época:
No aspecto externo do edifício nada foi descuidado, para impressionar o espírito e os olhos. Com efeito, como ele era recoberto de todos os lados por espessas placas de ouro, desde o nascer do sol refletia a luz do sol com tal intensidade que obrigava os que olhavam a retirar os olhos, como diante dos raios do sol. Para os estrangeiros que chegavam, ele aparecia de longe como uma montanha nevada, pois onde não era recoberto de ouro, o era do mármore mais branco. No alto, era eriçado de pontas de ouro agudas para impedir os pássaros de pousar e de sujar o teto.” (Flávio Josefo)
Neste sentido é que Jesus, no evangelho de João, diz: “eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14,16). Ao nos dirigirmos a Jesus, fazemos a mesma experiência dos Judeus, só que de uma forma mais perfeita e plena. Eles se aproximavam do Templo e adentravam nele para adorar e para se reconciliar com Deus. O Templo era assim, um espaço físico que marcava a presença de Deus no meio do seu povo e lá eles podiam estar em maior comunhão com Deus.
Jesus é assim, o novo Templo. Nele temos acesso, de uma forma mais perfeita e plena, à comunhão com Deus. Podemos adentrar na sua pessoa, pela fé. Por isso é que a verdadeira oração é por Cristo, com Cristo e em Cristo e o sentido profundo do batismo é que somos inseridos em Cristo. Por causa disso é que podemos adorar, nos reconciliar e ter comunhão com Deus no novo Templo que é Jesus.
Encerraremos a nossa reunião de hoje com a oração da Coleta (oração que é feita pelo presidente da celebração, antes da primeira leitura) da celebração Eucarística do terceiro domingo da Quaresma. em clima de oração, digamos: “Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.

domingo, 4 de março de 2012

2º Domingo da Quaresma - Ano B


O segundo domingo da quaresma tem como centro da liturgia da Palavra a proclamação do evangelho da Transfiguração do Senhor Jesus. Isto se repete todos os anos, a única diferença é de qual evangelista é retirada a narração. Este ano, a Igreja vive o ano B e, portanto, o texto é o do evangelista Marcos.
O centro do nosso texto é o momento onde a voz do Pai, do meio da nuvem diz: “este é o meu Filho, aquele que escolhi, escutai-o”. Esse texto que ressoa nas nossas Igrejas todos os anos na Quaresma nos revela o grande meio de preparação para a Páscoa: a escuta atenta da Palavra de Deus.
Mas a escuta da Palavra de Deus não pode ser feita de qualquer forma. É necessário que seja feita de forma oracional, para captarmos aquilo que Deus deseja revelar para nossas vidas. A Palavra de Deus é uma Palavra viva, que tem o poder de nos converter. Muitas vezes tentamos nos converter a partir das nossas próprias forças e, como consequência, fracassamos nos nossos propósitos, gerando em nós o desânimo.
Precisamos fazer com que a nossa conversão se dê através da relação da nossa pessoa com a pessoa de Deus, permitindo que, nessa relação, Deus sempre tome a iniciativa e que nós sejamos atentos e dóceis para responder a essas iniciativas. Um dos grandes meios dessa relação entre nós e Deus é a sua Palavra. A Palavra de Deus ao ser acolhida no coração revela o nosso pecado, cura as nossas feridas, consola-nos nas nossas dores e orienta-nos no caminho a seguir. Como o próprio São Paulo nos diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça(IITim3,16).
 “Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso filho amado, alimentai o nosso espírito com a vossa Palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A mensagem de Bento XVI por ocasião da Campanha da Fraternidade 2012

Ao Venerado Irmão
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida (SP) e Presidente da CNBB

Fraternas saudações em Cristo Senhor!

De bom grado me associo à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que lança uma nova Campanha da Fraternidade, sob o lema «que a saúde se difunda sobre a terra» (cf. Eclo 38, 8), com o objetivo de suscitar, a partir de uma reflexão sobre a realidade da saúde no Brasil, um maior espírito fraterno e comunitário na atenção dos enfermos e levar a sociedade a garantir a mais pessoas o direito de ter acesso aos meios necessários para uma vida saudável.
Para os cristãos, de modo particular, o lema bíblico é uma lembrança de que a saúde vai muito além de um simples bem estar corporal. No episódio da cura de um paralítico (cf. Mt 9, 2-8), Jesus, antes de fazer com que esse voltasse a andar, perdoa-lhe os pecados, ensinando que a cura perfeita é o perdão dos pecados, e a saúde por excelência é a da alma, pois «que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma?» (Mt 16, 26). Com efeito, as palavras saúde e salvação têm origem no mesmo termo latino salus e não por outra razão, nos Evangelhos, vemos a ação do Salvador da humanidade associada a diversas curas: «Jesus andava por toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo o tipo de doença e enfermidades do povo» (Mt 4, 23).
Com o seu exemplo diante dos olhos, segundo o verdadeiro espírito quaresmal, possa esta Campanha inspirar no coração dos fiéis e das pessoas de boa vontade uma solidariedade cada vez mais profunda para com os enfermos, tantas vezes sofrendo mais pela solidão e abandono do que pela doença, lembrando que o próprio Jesus quis Se identificar com eles: «pois Eu estava doente e cuidastes de Mim» (Mt 25, 36). Ajudando-lhes ao mesmo tempo a descobrir que se, por um lado, a doença é prova dolorosa, por outro, pode ser, na união com Cristo crucificado e ressuscitado, uma participação no mistério do sofrimento d’Ele para a salvação do mundo. Pois, «oferecendo o nosso sofrimento a Deus por meio de Cristo, nós podemos colaborar na vitória do bem sobre o mal, porque Deus torna fecunda a nossa oferta, o nosso ato de amor» (Bento XVI,Discurso aos enfermos de Turim, 2 de maio de 2010).
Associando-me, pois, a esta iniciativa da CNBB e fazendo minhas as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de cada um, saúdo fraternalmente quantos tomam parte, física ou espiritualmente, na Campanha «Fraternidade e Saúde Pública», invocando ­ pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida ­ para todos, mas de modo especial para os doentes, o conforto e a fortaleza de Deus no cumprimento do dever de estado, individual, familiar e social, fonte de saúde e progresso do Brasil tornando-se fértil na santidade, próspero na economia, justo na participação das riquezas, alegre no serviço público, equânime no poder e fraterno no desenvolvimento. E, para confirmar a todos estes bons propósitos, envio uma propiciadora Bênção Apostólica.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mensagem do Papa Bento XVI para a quaresma de 2012



«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras»  (Heb 10, 24)
Irmãos e irmãs!
A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.
1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.
O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.
O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.
2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.
O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).
3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.
Fonte: Zenit

sábado, 16 de abril de 2011

Visita a Ascep - Quaresma 2011

Hoje, dia 16 de abril de 2011, nós, do Movimento da Transfiguração de Goiânia, como um dos exercícios da Quaresma que é o amor fraterno, fizemos uma visita a Ascep (Associação de serviço a criança excepcional de Goiânia). Foi uma experiência riquíssima! Tivemos a oportunidade  conviver um pouco com pessoas que são portadoras de necessidades especiais. E também uma forma de obedecer àquilo que Jesus diz no evangelho: "Estive enfermo e fostes me visitar".