sábado, 30 de junho de 2012

Pedro morou em Roma e foi enterrado em Roma


O túmulo de São Pedro
Mons. Vitaliano Mattioli*
CRATO, sexta-feira, 29 de junho de 2012 (ZENIT.org) - A festa de S. Pedro nos coloca uma questão: Pedro morou em Roma, foi enterrado em Roma?
 Resolver essa pergunta é importante porque este “morrer de Pedro em Roma e ser enterrado em Roma”, capital do Império Romano, sempre foi interpretado pela Igreja como uma vontade implícita de Cristo, fundador de Cristo, fundador da Igreja, que o Bispo de Roma deve ser considerado o sucessor de Pedro e o seu Vigário na terra.
 Temos testemunhos literários que confirmam tudo isso:
 1- A carta do Papa Clemente de Roma aos Coríntios (ano 96). Falando da perseguição de Nero, ano 64, escreve: "Lancemos os olhos sobre os excelentes apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida... A esses homens ... juntou-se grande multidão de eleitos que, em consequência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo" (5,3-7; 6,1).
 2- Ireneu (140-203),  Bispo de Lião-França, escreveu uma obra importante “Contra as Heresias”. Nesta nos confirma a chegada de Pedro a Roma: “À maior e mais antiga e conhecida por todos, à Igreja  fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos  Pedro e Paulo” (III, 3, 2); “Os bem-aventurados apóstolos que fundaram e edificaram a Igreja romana transmitiram o governo episcopal a Lino” (III, 3, 3).
 3- Tertuliano (160-250), no escrito “Sobre o Batimo”: Não há nenhuma diferença entre aqueles que João batizou no Jordão e aqueles que Pedro batizou no Tibre” (IV, 3).  O Tibre é o rio que atravessa Roma; de tal forma que Tertuliano confirma a presença de Pedro em Roma.
 4- Eusébio de Cesaréia  (260-340), na sua “História Eclesiástica": “O  apostolo Pedro  na Judéia, empreendeu uma longa viagem além-mar... para o Ocidente, veio para Roma” (História , II, 14, 4-5).  “Nero foi também o primeiro de todos os inimigos de Deus, que teve a presunção  de matar os apóstolos. Com efeito conta-se  que sob o seu reinado Paulo foi decapitado em Roma.  E ali igualmente Pedro  foi crucificado. Confirmam tal asserção os nomes de Pedro e  de Paulo, até hoje atribuidos aos cemitérios da cidade” (História, II, 25, 5).
 5- Ainda Eusébio  refere o testemunho do Presbítero Gaio (ano 199)  que viveu durante o pontificado do Papa Zefirino (199-217), no seu escrito contra Proclo, chefe da seita dos Montanistas: "Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de São Filipe. Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Vai à via Óstia e lá encontrareis o troféu de Paulo; vai ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro" (História, II, 25, 6).
 6- O mesmo Eusébio nos refere outros testemunhos. No livro II refere o testemunho de Dionísio bispo de Corinto (ano 170): "Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio na mesma ocasião" (História, II,25,8).
 7- Orígenes, (185-253),  na obra Comentários ao Gênesis, terceiro livro  (conservado na História  de Eusébio, III,1, 2):  "Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo, conforme ele mesmo desejara sofrer".
 Além desses testemunhos, foram encontrados e decifrados grafites anônimos dos séculos II e III escritos sobre o túmulo de São Pedro localizado durante as escavações arqueológicas realizada debaixo da Basílica do Vaticano nas décadas de 50 e 60 (do séc. XX) que confirmam a sepultura do Apóstolo Pedro em Roma: "Pedro está aqui." (=Petros Eni) , "Pedro, pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos sepultados junto do teu corpo", "Salve, Apóstolo!",  "Cristo e Pedro" , "Viva em Cristo e em Pedro",  "Vitória a Cristo, a Maria e a Pedro".
 Em 1953 foi achado um antigo túmulo hebraico com a inscrição “Simão filho de Jonas”.
 Provas arqueológicas.
 Em 1939, o Papa Pio XII iniciou uma série de escavações debaixo da basílica de São Pedro. Nessas buscas descobriu-se, entre outros restos, o que se julga ser o túmulo de São Pedro.   A descoberta foi anunciada pelo Papa Pio XII no Ano Santo,  Radiomensagem de natal, 23 de dezembro de 1950:
 "As escavações debaixo da  Confissão mesma, pelo menos enquanto se relacionam com a tumba do Apóstolo ... e seu exame científico, foram, durante este Ano jubilar, concluídas muito bem. Este resultado foi de suma riqueza e importância. Mas a questão essencial é esta: A tumba de São Pedro foi realmente achada? A tal pergunta a conclusão final dos trabalhos e dos estudos responde com um claríssimo Sim. A tumba do Príncipe dos Apóstolos foi encontrada. Uma segunda questão, subordinada à primeira, diz respeito às relíquias do Santo. Estas já foram descobertas? Na beira do túmulo foram encontrados restos de ossos humanos, que no entanto não é possível provar com certeza que pertencem aos restos mortais do Apóstolo. Isto deixa, portanto, intacta a realidade histórica da tumba. A cúpula gigantesca foi erguida justamente sobre o sepulcro do primeiro Bispo de Roma, do primeiro Papa; sepulcro originalmente muito humilde, mas sobre o qual a veneração dos séculos posteriores com maravilhosa sucessão de obras ergueu o maior templo do Cristandade".
 Paulo VI continuou as escavações. A resposta positiva a apresentou na Audiência Geral da Quarta-feira, 26 de junho de 1968: “Uma segunda questão, subordinada à primeira, diz respeito às relíquias do Santo. Elas foram encontradas? A resposta então dada pelo venerável Pontífice foi duvidosa. Novas investigações pacientíssimas e precisas foram feitas mais tarde com resultados que Nós, confortados pelo juízo de prudentes e valiosas pessoas competentes, acreditamos que seja positivo: também as relíquias de São Pedro foram identificadas... Temos razão para acreditar que foram encontrados os poucos, mas sacrosantos restos mortais do Príncipe dos Apóstolos, de Simão, filho de Jonas, do Pescador chamado Pedro por Cristo, daquele que foi eleito pelo Senhor como fundamento da sua Igreja, e ao qual o Senhor confiou  as chaves supremas do seu reino, com a missão de apascentar e de reunir o seu rebanho, a humanidade redimida, até a sua última vinda gloriosa".
 Os estudos continuaram. O mesmo Paulo VI, na Audiência Geral da quarta-feira, 28 de junho de 1978, voltou ao assunto: “Sim, a prova histórica, não somente da tumba, mas também dos seus veneradíssimos restos mortais, foi encontrada. Pedro está aqui, onde a análise documentária, arqueológica, cheia de indícios e lógica finalmente nos indica... Nós temos assim o consolo de ter um contato direto com a fonte da tradição apostólica romana mais segura, aquela que nos garante a presença física do Chefe do Colégio dos primeiros discípulos de Jesus Cristo em Roma”.

* Mons. Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e na Escola Clássica Apollinaire de Roma e Redator da revista "Palestra del Clero". Atualmente é missionário Fidei Donum na diocese de Crato, no Brasil.

(Tradução Thácio Siqueira)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Milagre pela intercessão de Nhá Chica reconhecido pelo Vaticano

Nhá Chica (foto: Canção Nova Notícias)
VATICANO, 28 Jun. 12 / 11:08 am (ACI)
Na edição de hoje do Vatican Information Service, a Santa Sé informou que durante uma audiência privada com o Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o Papa autorizou a Congregação a promulgar o decreto do milagre da Serva de Deus Francisca de Paula de Jesus, conhecida como Nhá Chica, leiga brasileira (1808-1895). Com este reconhecimento espera-se que em breve a Venerável brasileira possa ser beatificada.
Segundo informa o site oficial da futura beata e das obras dedicadas à sua memória, Francisca de Paula de Jesus - Nhá Chica- hoje é reconhecida como Venerável, uma vez que o Santo Papa Bento XVI, na manhã da sexta-feira, dia 14 de janeiro de 2011, aprovou as suas virtudes heroicas.
Ela obteve o titulo de Serva de Deus da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano, em 1991.
A causa de canonização de Nhá Chica aguardava desde 2007 a aprovação do milagre que levaria a brasileira a ser reconhecida como beata. A grande graça atribuída a Nhá Chica refere-se a professora Ana Lúcia Meirelles Leite, moradora de Caxambu, Minas Gerais. A professora e dona de casa que foi curada de um problema congênito muito grave no coração, sem precisar passar por cirurgia, apenas pelas orações encomendadas à intercessão Nhá Chica. O fato se deu em 1995.
Em 30 de abril de 2004, os religiosos brasileiros reunidos na 42ª Assembléia Geral de Bispos do Brasil (CNBB) assinaram um documento pedindo pela beatificação de Nhá Chica. O documento que reuniu 204 assinaturas de Bispos de 25 estados brasileiros foi encaminhado pela Diocese de Campanha ao então Papa João Paulo II.
No dia 8 de junho de 2010, no Vaticano, deram parecer favorável às virtudes da Serva de Deus Nhá Chica, e no dia 14 de janeiro de 2011, Papa Bento XVI aprovou as suas virtudes heroicas: castidade, obediência, fé, pobreza, esperança, caridade, fortaleza, prudência, temperança, justiça e humildade. Este foi mais um passo em direção à beatificação.
Em 14 de outubro de 2011 o Milagre é reconhecido. A comissão médica da Congregação das Causas dos Santos analisou o milagre ocorrido por intercessão da Venerável Nhá Chica em favor da senhora Ana Lúcia. (leia sobre o milagre). Todos os 07 médicos deram voto favorável: a cura não tem explicação científica.
O Estudo do Milagre pela comissão de Cardeais da Santa Sé aconteceu em 5 de junho de 2012.
Hoje, o Papa Bento XVI promulgou o decreto do milagre atribuído à intercessão de Nhá Chica e espera-se que em breve, ela possa ser proclamada como beata. Se for canonizada, Nhá chica poderia ser a primeira mulher nascida no Brasil a chegar aos altares como santa. Até o momento o único santo nascido no Brasil é São Frei Galvão.
Para mais informação, visite: www.nhachica.org.br

terça-feira, 26 de junho de 2012

O Papa visita populações atingidas pelo terremoto na Itália: “Meu coração está convosco”


VATICANO, 26 Jun. 12 / 05:09 pm (ACI/EWTN Noticias)
O Papa Bento XVI visitou os milhares de atingidos pelo terremoto que em 29 de maio afetou a zona italiana de Emilia Romagna e ofereceu-lhes consolo recordando que diante dos desastres naturais o homem deve procurar refúgio em Deus.
O helicóptero do Papa aterrissou no campo esportivo de San Marino Del Carpi (Módena) onde foi acolhido pelo Bispo da diocese, Dom Francesco Cavina e pelo Chefe do Departamento da Defesa Civil, Franco Gabrielli.
A bordo de um mini-ônibus, transladou-se à zona de Rovereto di Novi, onde se deteve uns momentos na igreja da Santa Catarina de Alexandria, em cujo desmoronamento faleceu o Pe. Ivan Martini. Bento XVI, deslocando-se em um jipe, saudou os pressente até chegar ao lugar do encontro com a população na praça central de Rovereto que contou com a presença dos arcebispos e bispos de Bolonha, Carpi, Módena, Mantua, Ferrara e Reggio-Emilia.
"A situação que estão vivendo, evidenciou um aspecto que gostaria que estivesse bem presente em seu coração: vocês não estão nem estarão sozinhos! Nestes dias, em meio de tanta destruição e dor, vocês viram e sentiram que muitas pessoas se mobilizaram para expressar-lhes proximidade, solidariedade, afeto", e "minha presença entre vós quer ser um destes sinais de amor e de esperança", expressou o Papa aos atingidos pelo sismo.
Em seu discurso, o Santo Padre recordou aos afetados pelo sismo que seu coração "está perto dos seus para lhes consolar, mas, sobre tudo para lhes animar e lhes sustentar".
Ao recordar às vítimas, o Papa rendeu comemoração ao P. Ivan Martini, o pároco que morreu ao tentar salvar uma imagem da Virgem. "Dirijo uma saudação particular a vós, queridos sacerdotes, e a todos os irmãos, que estão demonstrando, como já aconteceu em outros momentos difíceis da história desta terra, seu amor generoso para com o povo de Deus", expressou.
Logo, o Papa convidou os presentes a refletirem sobre o Salmo 46, que recorda que "Deus é nosso refúgio e fortaleza, uma ajuda sempre preparada para os perigos. Por isso não temamos, embora a terra se mova e as montanhas se desabem até o fundo do mar".
"Estas palavras do Salmo não só me comovem porque utilizam a imagem do terremoto, mas, sobre tudo, por aquilo que afirmam a respeito da nossa atitude interior ante o transtorno da natureza: uma atitude de grande segurança, afiançada sobre a rocha firme e inquebrável que é Deus", assinalou.
Embora estas palavras "pareçam estar em dissonância com o inevitável temor pelo sismo, em realidade, o Salmo se refere à segurança da fé", portanto, "sim, podemos ter temor, angústia –também Jesus os experimentou–, mas acima de tudo fica a certeza de que Deus está comigo como o menino que sabe sempre que pode contar com sua mãe e com seu pai, porque se sente amado, querido, independentemente do que aconteça".
Neste sentido, explicou que assim como as pessoas respeito a Deus, são pequenas e frágeis, mas estão seguras em suas mãos. Quer dizer, "confiados a seu amor que é sólido como uma rocha".
"Sobre esta rocha, com esta firme esperança, pode-se construir e pode-se reconstruir", afirmou.
O Papa animou as pessoas prejudicadas pelo abalo sísmico a recomeçarem uma nova vida sobre a rocha da fé, e chamou as instituições e os cidadãos "a serem, apesar das dificuldades do momento, como o bom samaritano do Evangelho que não passa indiferente ante quem está necessitado, mas, com amor, inclina-se, socorre, permanece a seu lado, encarregando-se até o fim das necessidades do outro".
Bento XVI indicou que desde os primeiros dias do terremoto "sempre estive perto de vós com minha oração e preocupação. E ao ver que a prova ia fazendo-se mais dura, senti cada vez mais a necessidade de vir pessoalmente entre vós. Dou graças ao Senhor que me concedeu isso!".
"Abraço com meu pensamento e meu coração a todas as populações que sofreram danos pelo terremoto, especialmente as famílias e as comunidades que choram por seus seres queridos que faleceram: que o Senhor os acolha em sua paz", acrescentou.
Finalmente, o Papa assegurou a intervenção e proximidade da Cáritas e dirigiu uma saudação especial ao Arcebispo de Bolonha, Cardeal Carlo Caffara, e recordou aos bispos, sacerdotes, representantes das diversas realidades religiosas e sociais, voluntários, e as forças de segurança que é "importante oferecer um testemunho concreto de solidariedade e de unidade".
"Permaneçam fiéis à sua vocação de ser gente fraterna e solidária, e confrontarão cada coisa com paciência e determinação, rechaçando as tentações que, infelizmente, estão relacionadas com estes momentos de debilidade e de necessidade", concluiu.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O programa de atividades para o Ano da Fé

VATICANO, 21 Jun. 12 / 07:16 pm (ACI/EWTN Noticias)


Esta manhã foi apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé o programa de atividades para o Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI de 11 de outubro a 24 de novembro de 2013.

No ato estiveram presentes o Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella e o Subsecretário do dicasterio, Dom Graham Bell.

Conforme foi informado à imprensa, os eventos mais importantes deste especial ano contarão com a presença do Santo Padre e serão realizados em Roma. Entre estes destaca-se a abertura do Ano da Fé na Praça de São Pedro (na quinta-feira 11 de outubro) com uma solene Eucaristia, concelebrada por todos os Padres sinodais, os presidentes das Conferências Episcopais e alguns clérigos que participaram do Concílio Vaticano II.
Em 21 de outubro se canonizarão sete mártires e confessores da fé. Entre eles o francês Jacques Barthieu; o filipino Pedro Calugsod; o italiano Giovanni Battista Piamarta; a espanhola María Del Carmen; a iroquesa Katheri Tekakwhita e as alemãs Madre Marianne (Barbara Cope) e Anna Schäffer.
Em 25 de janeiro de 2013, na tradicional celebração ecumênica na Basílica de São Pablo Extramuros, rezará-se para que "através da profissão comum do Símbolo os cristãos (...) não esqueçam o caminho da unidade".
No dia 28 de abril o Santo Padre celebrará a crisma de um grupo de jovens e no domingo 5 de maio estará dedicado à piedade popular e ao trabalho das confrarias.
No dia 18 de maio, vigília de Pentecostes, haverá um encontro de movimentos eclesiais na Praça de São Pedro. No domingo 2 de junho, celebração do Corpus Christi, haverá uma solene adoração Eucarística, que será realizado à mesma hora em todas as catedrais e igrejas do mundo.
O domingo 16 de junho estará dedicado ao testemunho do Evangelho da Vida. No dia 7 de julho concluirá na Praça de São Pedro a peregrinação dos seminaristas, noviças e noviços de todo o mundo.
No dia 29 de setembro haverá uma celebração pelo aniversário da publicação doCatecismo da Igreja Católica enquanto o 13 de outubro estará dedicado à presença da Maria na Igreja.
Finalmente, em 24 de novembro de 2013 se celebra a jornada de encerramento do Ano da Fé.
Do mesmo modo, indicou-se que os diversos dicasterios têm em programadas iniciativas publicadas no calendário. Entre os eventos culturais destaca-se uma exposição sobre São Pedro em Castel Sant'Angelo (7 fevereiro- 1 maio 2013) e um concerto na Praça de São Pedro (22 de junho 2013).
A Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho de 2013 também ocorrerá no contexto do ano da Fé e contará com a presença do Santo Padre.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

São Luis de Gonzaga

Da Carta escrita por São Luís Gonzaga à sua mãe.
(Acta Sanctorum, Iuni,5,578)
(Séc.XVI)
 Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
Ilustríssima senhora, peço que recebas a graça do Espírito Santo e a sua perpétua
consolação. Quando recebi tua carta, ainda me encontrava nesta região dos mortos. Mas
agora, espero ir em breve louvar a Deus para sempre na terra dos vivos. Pensava mesmo
que a esta hora já teria dado esse passo. Se é caridade, como diz São Paulo, chorar com
os que choram e alegrar-se com os que se alegram (cf. Rm 12,15), é preciso, mãe ilustríssima, que te alegres profundamente porque, por teus méritos, Deus me chama à
verdadeira felicidade e me dá a certeza de jamais me afastar do seu temor.
 Na verdade, ilustríssima senhora, confesso-te que me perco e arrebato quando
considero, na sua profundeza, a bondade divina. Ela é semelhante a um mar sem fundo
nem limites, que me chama ao descanso eterno por um tão breve e pequeno trabalho;
que me convida e chama ao céu para aí me dar àquele bem supremo que tão negligentemente procurei, e me promete o fruto daquelas lágrimas que tão parcamente
derramei.
 Por conseguinte, ilustríssima senhora, considera bem e toma cuidado em não ofender a
infinita bondade de Deus. Isto aconteceria se chorasses como morto aquele que vai viver perante a face de Deus e que, com sua intercessão, poderá auxiliar-te
incomparavelmente mais do que nesta vida. Esta separação não será longa; no céu nos
tornaremos a ver. Lá, unidos ao autor da nossa salvação, seremos repletos das alegrias
imortais, louvando-o com todas as forças da nossa alma e cantando eternamente as suas
misericórdias. Se Deus toma de nós aquilo que havia emprestado, assim procede com a
única intenção de colocá-lo em lugar mais seguro e fora de perigo, e nos dar aqueles
bens que desejamos dele receber.
Disse tudo isto, ilustríssima senhora, para ceder ao desejo que tenho de que tu e toda a
minha família considereis minha partida como um feliz benefício. Que a tua bênção
materna me acompanhe na travessia deste mar, até alcançar a margem onde estão todas as minhas esperanças. Escrevo isto com alegria para dar-te a conhecer que nada me é bastante para manifestar com mais evidência o amor e a reverência que te devo, como um filho à sua mãe.

Oração
Ó Deus, fonte dos dons celestes, reunistes no jovem Luís Gonzaga a prática da
penitência e a admirável pureza de vida.Concedei-nos, por seus méritos e preces, imitá-
lo na penitência, se não o seguimos na inocência. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade o Espírito Santo.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nota sobre o Aborto


DOM ANTONIO CARLOS ROSSI KELLER
PELA GRAÇA DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
BISPO DE FREDERICO WESTPHALEN (RS)
Nota Pastoral

“Mais uma vez a questão do aborto”
“Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus.” (São Mateus 5,19)
Caros Diocesanos de Frederico Westphalen, irmãos e irmãs que compreendem o valor da vida humana.
Mais uma vez o Bispo Diocesano sente-se no dever, derivado de seu Ministério Episcopal, de vir a público e manifestar-se em relação ao tema do aborto. Mais especificamente, às veladas e covardes ações levadas a cabo por autoridades, que deveriam zelar pela defesa da vida, mas que “na calada da noite” estão empenhadas em implantar a prática do aborto em nossa Pátria, passando por cima da vontade da grande maioria da população que é contrária a esta prática.
Poucos dias atrás, os jornais “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo” e “Correio Brasiliense”, traziam, em suas primeiras páginas, notícias de ações que visam, na prática a implantação do aborto no país.
Somente a título de exemplo, para justificar esta preocupação em relação à introdução velada da prática do aborto, cito, em primeiro lugar “A Folha de São Paulo”. Em reportagem de capa afirmava que, segundo o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães: O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO PASSARÁ A ACOLHER AS MULHERES QUE DESEJAM FAZER ABORTO E ORIENTÁ-LAS SOBRE COMO USAR CORRETAMENTE OS MÉTODOS EXISTENTES PARA ABORTAR. CENTROS DE ACONSELHAMENTO INDICARÃO QUAIS SÃO, EM CADA CASO, OS MÉTODOS ABORTIVOS MAIS SEGUROS DO QUE OUTROS.
A Folha afirmava ainda que o modelo será copiado do Uruguai, que o adota desde o ano de 2004.
A PROPOSTA, diz a FOLHA, FOI ABORDADA NA ÚLTIMA SEMANA DE MAIO PELA MINISTRA ELEONORA MENICUCCI, QUE AFIRMOU ‘SOMENTE SER CRIME PRATICAR O PRÓPRIO ABORTO, MAS QUE O GOVERNO ENTENDE QUE NÃO É CRIME ORIENTAR UMA MULHER SOBRE COMO PRATICAR O ABORTO’.
Depois de orientada sobre como praticar o aborto, uma vez consumado o delito, a mulher passaria por uma nova consulta para evitar maiores conseqüências pós aborto. Ainda segundo a Folha, PARA OS QUE DESENVOLVERAM A POLÍTICA, ELA NÃO SÓ É UMA ATITUDE LEGAL, COMO É ÉTICA E DE DIREITO HUMANO BÁSICO.
É preciso recordar que a matéria veiculada pela “Folha de São Paulo” traz dados inverídicos em relação aos números do aborto do Brasil. A “Folha” acolhe os números do governo, que afirma que há mais de um milhão de abortos por ano, no Brasil. Os números reais são bem outros. Hoje, no Brasil, acontecem cerca de cem mil abortos por ano, e este número está diminuindo pouco a pouco. Isto é o que pode se concluir dos próprios dados do Ministério da Saúde, que mostram que o número de internações por aborto no Brasil, nos últimos quatro anos, está diminuindo à taxa de 12% ao ano, todos os anos. Na matéria veiculada pelo jornal paulistano, não são apresentados os números reais, por exemplo, das internações por razões de aborto. Ao afirmar que são cerca de duzentas mil as internações por causa do aborto, o jornal não leva em consideração que destas duzentas mil, cerca de cinquenta mil são por causa do aborto provocado. As outras cento e cinquenta mil são devidas ao aborto espontâneo. Ou seja, há um propósito do governo, secundado pela “Folha de São Paulo” em inflar os números do aborto…
Há uma “Pesquisa Nacional do Aborto”, levada a cabo pela Universidade de Brasília em conjunto com a ANIS, que revela números mais reais: No Brasil, de cada duas mulheres que provocam o aborto, uma é internada. Portanto, se há cinquenta mil internações por ano por aborto provocado, isto significa que são realizados cem mil abortos por ano e não o milhão e meio de abortos provocados, números estes anunciados pelas autoridades.
A realidade mostra não só que os números dos que são contrários ao aborto, entre a população brasileira, estão aumentando. Mas que também as brasileiras estão abortando cada vez menos, no Brasil. Esta é a realidade dos números.
A Matéria de “O Estado de São Paulo”, por sua vez, trata da elaboração, por parte do Ministério da Saúde e de um “grupo de especialistas” de uma “cartilha” que tem como finalidade orientar as mulheres que desejam abortar. “A INTENÇÃO É FECHARMOS O MATERIAL DE ORIENTAÇÃO EM, NO MÁXIMO, UM MÊS”, AFIRMOU O COORDENADOR DO GRUPO DE ESTUDOS SOBRE O ABORTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA (SBPC), THOMAZ GOLLOP. O FORMATO FINAL DO PROGRAMA SERÁ DEFINIDO PELO MINISTÉRIO. A CARTILHA CONTERIA, POR EXEMPLO, INFORMAÇÕES PARA MULHER ESCOLHER O LUGAR DO PROCEDIMENTO“.
Já o “Correio Brasiliense” noticiava que ao longo do mês de junho uma comissão de trabalho se reunirá com os técnicos do Ministério da Saúde para formular uma norma técnica que servirá de base para um programa de aconselhamento para mulheres com gravidez indesejada. Além disso, o Correio informa que o Ministério da Saúde tem a intenção de liberar a venda de remédios abortivos, hoje de uso reservado à rede hospitalar. Desta maneira, os médicos poderão orientar as mulheres sobre como praticar o aborto seguro e os medicamentos necessários estarão nas farmácias amplamente disponíveis para o público.
Interessante que no decorrer de poucos dias, aparece como que uma onda gigantesca em setores do atual governo a favor, em última instância, do aborto, veiculada por grandes e importantes jornais do país.
Muito mais interessante e importante, seria recordar o compromisso que a atual presidente da República assinou, no dia 16 de outubro de 2010, durante a campanha eleitoral, declarando que: “SOU PESSOALMENTE CONTRA O ABORTO E DEFENDO A MANUTENÇÃO DA LEGISLAÇÃO ATUAL SOBRE O ASSUNTO. ELEITA PRESIDENTE DA REPÚBLICA, NÃO TOMAREI A INICIATIVA DE PROPOR ALTERAÇÕES DE PONTOS QUE TRATEM DA LEGISLAÇÃO DO ABORTO E DE OUTROS TEMAS CONCERNENTES À FAMÍLIA E À LIVRE EXPRESSÃO DE QUALQUER RELIGIÃO NO PAÍS. [...] COM ESTES ESCLARECIMENTOS, ESPERO CONTAR COM VOCÊ PARA DETER A SÓRDIDA CAMPANHA DE CALÚNIAS CONTRA MIM ORQUESTRADA“.
Assim, apesar de todas as negativas e desculpas, o que se vê, concretamente, é um encaminhamento por baixo dos panos de medidas que visam pura e simplesmente, a prática livre do aborto, já que o grupo que está elaborando, junto com o Ministério da Saúde a nova Norma Técnica que pretende criar em todo o país centros de orientação sobre o aborto, liberalizar a venda de drogas abortivas na rede nacional de farmácias e difundir uma cartilha que ensine as mulheres como e onde praticarem o aborto é exatamente o mesmo Grupo de Estudos sobre o Aborto, coordenado pelo mesmo médico Thomas Gollop, cujo convênio com o Ministério da Saúde estava sendo contratado pelo governo enquanto a atual presidente, na época candidata garantia que jamais promoveria o aborto no Brasil.
Ou seja, hoje, em nossa Pátria está acontecendo na prática um verdadeiro ataque que visa obter à revelia da atual legislação e da imensa maioria do povo brasileiro, a pura e simples liberalização do aborto. Há anos nosso país vem sendo alvo destes ataques, já que há muito dinheiro investido por organizações estrangeiras para obter, por razões ideológicas e de cunho geopolítico, a pura e simples liberalização do aborto no Brasil e demais países da América Latina.
É preciso reagir a esta sanha abortista, que navega de velas soltas, alimentada por interesses desumanos, e que contraria o desejo da imensa maioria do povo brasileiro. Calar-se, fingir que o problema não existe e desvincular-se de uma ação de reação a esta sanha, é covardia e traição aos princípios mais elementares da fé cristã que professamos.
Escrevo esta “Nota Pastoral” ainda sob o efeito da tristeza pelo falecimento de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo Emérito de Guarulhos (SP), um digno e combativo Bispo da Santa Igreja Católica, que enfrentou com coragem e destemor até mesmo perseguições e calúnias, por sua intransigente defesa da vida.
Há dias, do leito do hospital, Dom Bergonzini escrevia: “Se Ele determinar que eu continue por aqui, todos daremos as mãos e seguraremos nas mãos de Deus para, juntos, combatermos as iniquidades e propagarmos o Evangelho por todos os telhados… e por todos os meios existentes”.
Deus determinou outra coisa, e este seu servo certamente já goza da visão beatífica. Sua dedicação em defesa da vida deve servir-nos de alento neste combate exigente.
Sabedores de que o aborto é um pecado gravíssimo contra Deus e contra a humanidade, venho apresentar algumas indicações práticas, no sentido de que se busque reagir contra esta imposição por parte das autoridades que deveriam cuidar e promover a vida. É preciso frear estes ataques à vida humana. Tais indicações são oferecidas pela Comissão de Defesa da Vida, do regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) e enquadram-se no direito que todos nós, católicos temos, como cidadãos deste país, em nos manifestar.
1. Telefonar, enviar fax e mensagens ao Ministério da Saúde e à Casa Civil da Presidência, mostrando com clareza, ao Ministério da Saúde e à Casa Civil da Presidência que o povo brasileiro compreende exatamente o que nosso governo está fazendo e não está de acordo com a implantação do aborto no país.
2. Pedir em seguida (e isto é importante, já que são aqueles que estão à frente destas ações de violência à vida):
(A) A DEMISSÃO IMEDIATA DA MINISTRA ELEONORA MENICUCCI DA SECRETARIA DAS MULHERES.
(B) A DEMISSÃO IMEDIATA DO SECRETÁRIO DE ATENÇÃO À SAÚDE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, HELVÉCIO MAGALHÃES.
(C) O ROMPIMENTO IMEDIATO DOS CONVÊNIOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE COM O GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA SOBRE O ABORTO NO BRASIL.
Os contatos para estas manifestações são os seguintes:
- CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA:
GLEISI HELENA HOFFMANN, MINISTRA-CHEFE DA CASA CIVIL
TELEFONES: (61) 3411-1573 (61) 3411-1573, 3411-1935, 3411-5866, 3411-1034
FAX: (61) 3321-1461, 3322-3850
MAILS: casacivil@presidencia.gov.br
- MINISTÉRIO DA SAÚDE:
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Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, abençoe nossa Pátria e nos livre da praga do Aborto.
Frederico Westphalen, 13 de junho de 2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Papa cria Ordinariato australiano e nomeia primeiro Ordinário

A Congregação para a Doutrina da Fé, em razão da Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, erigiu o Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora do Cruzeiro do Sul no território da Conferência Episcopal Australiana.
Ao mesmo tempo, o Santo Padre Bento XVI nomeou primeiro Ordinário de Nossa Senhora do Cruzeiro do Sul o Rev. Harry Entwistle.
Rev. Harry Entwistle
O Rev. Harry Entwistle nasceu em 31 de maio de 1940 em Chorley, na Inglaterra, e foi batizado como anglicano. Depois dos estudos em “St. Chad’s College” na Universidade de Durham, foi ordenado padre anglicano em 20 de setembro de 1964 para a Diocese de Blackburn. Depois de haver exercitado o ministério em Fleetwood, Hardwick, Weedon, Aston Abbots e Cubligton, foi capelão nas prisões de 1974 a 1981 e de 1981 a 1988 “Senior Chaplain” na prisão de Wansworth.
Emigrado na Austrália em 1988, foi “Senior Chaplain” para o "Department of Corrective Services" na Diocese de Perth.
De 1992 a 1999 foi Arquidiácono e Pároco de Northam, de 1999 a 2006 Pároco em Mt. Lawley. Em 2006 ingressou na “Traditional Anglican Communion” e foi nomeado bispo para a região ocidental e Pároco de Maylands em Perth.
Depois de ter sido recebido na plena comunhão com a Igreja Católica e ter sido ordenado diácono, recebe a ordenação sacerdotal na Catedral de Perth hoje, 15 de junho de 2012.
Tradução: OBLATVS

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Santo Antônio

Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero


(I.226) (Séc.XII)

A palavra é viva quando são as obras que falam

Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as vêem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras.Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras.
Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o Espírito Santo os inspirava (cf. At 2,4). Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme suas idéias! Pois há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos outros, apresentam-nas como suas, atribuindo-as a si mesmos. Destes e de outros semelhantes, diz o Senhor por meio do profeta Jeremias: Terão de se haver comigo os profetas que roubam um do outro as minhas palavras. Terão de se haver comigo os profetas, diz o Senhor, que usam suas línguas para proferir oráculos. Eis que terão de
haver-se comigo os profetas que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, que os contam, e seduzem o meu povo com suas mentiras e seus enganos. Mas eu não os enviei, não lhes dei ordens, e não são de nenhuma utilidade para este povo – oráculo do Senhor (Jr 23,30-32).
Falemos, portanto, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe humilde e devotamente que derrame sobre nós a sua graça, a fim de podermos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e na observância do decálogo. Que sejamos repletos de um profundo espírito de contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores divinos. Desse modo, ardentes e iluminados pelos esplendores da santidade, mereceremos ver o Deus Uno e Trino.

domingo, 10 de junho de 2012

Um dia triste para o Brasil


Neste domingo, 10 de junho, é um dia triste para todo o Brasil, em especial, para a cidade de São Paulo, onde ocorre mais uma “Parada do orgulho gay”. Como estou morando nesta cidade a menos de um mês, a procura de um apartamento para alugar, estou provisoriamente num flat que fica a 600m da Avenida Paulista, onde acontece a referida “Parada”. Aqui é possível perceber um pouco do “clima” que cerca esse triste evento. Aproveito a ocasião para postar uma reflexão do Pe. Hélio Luciano, membro da comissão de bioética da CNBB, sobre o assunto do homossexualismo e da homofobia:
“Nas últimas semanas temos acompanhado novas discussões sobre leis contra a homofobia – discussão que volta à tona pelo seminário organizado pela Senadora Marta Suplicy sobre o Projeto de Lei da Câmara 122/2006 (mais conhecido como PLC 122) e pelas propostas para o novo Código Penal Brasileiro. Com base nessas discussões, poderíamos perguntar-nos, qual é a posição dos católicos em relação à homofobia?
É já ideia comum entre os não-católicos – e infelizmente entre muitos católicos também – pensar que nós, católicos, somos homofóbicos. Nada mais equivocado. Atitudes de violência física ou moral, ridicularizações – ou o famoso bullyng, que agora está de moda – são tão contrários à doutrina católica como qualquer outro pecado contra a caridade. Sendo assim – repito para deixar bem claro – não somos e jamais seremos homofóbicos se queremos seguir a Cristo.
Ao mesmo tempo somos também contrários aos atuais projetos de lei propostos e já citados. Por sermos homofóbicos? Não. Mas por diversas outras razões. A primeira delas é por ser um projeto legislativamente desnecessário. Contra a violência – seja física ou moral – e contra a discriminação, já existem leis às quais as pessoas que se sintam injustiçadas podem recorrer. Não é necessário criar uma nova lei, mas sim fazer que as leis já existentes se apliquem de fato. Porque estamos vivendo em uma tendência de multiplicar leis que já existem?
Em segundo lugar, a lei apresentada é contrária à liberdade de expressão e à liberdade religiosa. É verdade que a liberdade de expressão não é e não pode ser absoluta – por exemplo, ninguém nunca pode incitar à violência recorrendo à liberdade de expressão. Mas também é verdade que, com a nova lei, os limites do que poderá ser interpretado como agressão ou não-agressão – do ponto de vista moral – serão muito frágeis. Se um pastor protestante ou um sacerdote católico lerem ou pregarem sobre a 1ª Carta de São Paulo aos Corintios – Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os ladrões herdarão o reino de Deus – não poderá alguém recorrer à “nova” lei por sentir-se agredido? Se um sacerdote negar a comunhão a um “casal” homossexual, estes não poderiam acusar ao sacerdote de “homofóbico”?
Queremos apenas a liberdade de poder afirmar aquilo em que acreditamos. De poder dizer claramente, sem nenhuma pretensão de ofender a ninguém, que uma pessoa que vive atos homossexuais está ofendendo a Deus. De poder oferecer ajuda – somente àquelas pessoas que queiram e acreditem que precisam ser ajudadas – a que vivam o amor de Deus em plenitude. Queremos ser livres, sem ofender a ninguém, mas ser de fato livres para pensar.
Em um artigo escrito há aproximadamente dois anos sobre este mesmo tema, fui acusado em um blog – por pessoas que não me conhecem – de ser pedófilo, pederasta, homossexual, etc. Tudo isso pelo simples fato de ser sacerdote. Como sabemos, a discriminação atual contra a Igreja e contra os sacerdotes não são casos isolados – somos os únicos que não temos mais direito à liberdade. Devemos criar então uma lei de “sacerdociofobia” ou “eclesiofobia”por causa disso? Não. Por que então reivindicam que para os grupos homossexuais é necessária uma lei específica?”

sábado, 9 de junho de 2012

Bem aventurado José de Anchieta

Das Cartas do Bem-aventurado José de Anchieta ao Prepósito-Geral Diego Láyñez
 (Carta de 1º de junho de 1560; cf. Serafim da Silva Leite SJ,
Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, vol. 3 (1558- 1563),
São Paulo 1954, p.253-255)
 (Séc.XVI)
 Nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas
De outros muitos poderia contar, máxime escravos, dos quais uns morrem batizados de pouco,outros já há dias que o foram; acabando sua confissão vão para o Senhor. Pelo que, quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de Índios como de Portugueses, sem fazer caso das calmas, chuvas ou grandes enchentes de rios,e muitas vezes de noite por bosques mui escuros a socorrermos aos enfermos, não sem grande trabalho, assim pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo, máxime sendo tantas estas povoações e tão longe umas das outras, que não somos bastantes a acudir tão várias necessidades, como ocorrem, nem mesmo que fôramos muito mais, não poderíamos bastar. Ajunta-se a isto, que nós outros que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e,fatigados de dores, desfalecemos no caminho, de maneira que apenas o podemos acabar; assim que não menos parecem ter necessidade de ajuda os médicos que os mesmos enfermos. Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida. Muitas vezes nos levantamos do sono, ora para os enfermos, ora para os que morrem.
 Hei me detido em contar os que morrem, porque aquele se há de julgar verdadeiro fruto que permanece até o fim; porque dos vivos não ousarei contar nada, por ser tanta a inconstância em muitos, que não se pode nem se deve prometer deles coisa que haja muito de durar. Mas bem-aventurados aqueles que morrem no Senhor (Ap 14,13), os quais livres das perigosas águas este mudável mar, abraçada a fé e os mandamentos do Senhor, são transladados à vida, soltos das prisões da morte, e assim os bem-aventurados êxitos destes nos dão tanta consolação, que pode mitigar a dor que recebemos da malícia dos vivos. E contudo trabalhamos com muita diligência em a sua doutrina, os admoestamos em públicas predicações e particulares práticas,
que perseverem no que têm aprendido. Confessam-se e comungam muitos cada domingo; vêm também de outros lugares onde estão dispersados a ouvir as Missas e confessar-se.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Procissão de Corpus Christi em São Paulo

Nesta quinta-feira participei da procissão de Corpus Christi, aqui em São Paulo. Esta aconteceu debaixo de uma chuva fina e num dia frio. Isso fez com que a presença das pessoas se tornasse um autêntico testemunho da presença de Jesus na Eucaristia. O Santíssimo Sacramento foi levado pelo Cardeal, D. Odilo Scherer, juntamente com o Núncio Apostólico do Brasil, D. Giovanni D’Aniello, num carro muito bem ornado, pelas ruas do centro da cidade, refazendo o caminho da procissão do Santíssimo do Congresso Eucarístico Nacional, acontecido há 70 anos na cidade. A procissão terminou na Praça da Sé, onde foi concluída com a missa presidida pelo Núncio. Veja abaixo as fotos:






terça-feira, 5 de junho de 2012

Bispo chinês que esteve 20 anos na prisão morreu no dia de Maria Auxiliadora

Roma, 04 Jun. 12 / 09:55 am (ACI)
No dia 24 de maio de 2012, festa de Maria Auxiliadora e Jornada Mundial de Oração pela Igreja na China, faleceu Dom Ermenegildo Li Yi, Bispo de Changzhi (Lu'an) na China, aos aos 88 anos de idade, 20 dos quais os passou na prisão injustamente acusado.
Conforme assinala a agência vaticana Fides, o fiel Prelado havia sido hospitalizado com más condições de saúde e não conseguiu recuperar-se.
Dom Li nasceu no dia 13 de novembro de 1923 na cidade de Changzhi. Quando jovem decidiu dedicar-se à vida consagrada e, depois de estudar no seminário menor diocesano, em 1943 ingressou na Ordem dos Frades Menores Franciscanos. Foi ordenado sacerdote em 6 de fevereiro de 1949.
Depois de sua ordenação, ensinou em uma escola secundária em Macao, sendo assistente na paróquia de Wangde, onde se encarregou especialmente dos refugiados que chegavam do norte da China.
Em 1951 ingressou na Universidade de Tianjin como estudante de história e uma vez terminados seus estudos em 1955, encarregou-se do trabalho pastoral na paróquia de São Francisco. Em 1958 foi nomeado pároco de Laojunzhuang, no distrito de Tuanliu.
Fides recorda que ao começo da Revolução Cultural Chinesa em 1966 foi condenado injustamente à prisão, onde permaneceu até 1985, quando pôde retomar seu trabalho pastoral nas igrejas de An Yang e Machang.
Em 28 de janeiro de 1998 foi ordenado Bispo de Changzhi. Atualmente essa diocese conta com mais de 50 mil católicos, 50 sacerdotes, jovens na sua maioria, e 60 igrejas, 28 das quais são novas. Existe ademais um refeitório popular, um lar para anciãos e outro para crianças com necessidades especiais.
Fides afirma que o Prelado, querido por seus fiéis e por quantos o conheceram, permanecerá na memória de todos como um exemplo luminoso de sacerdote para o clero chinês e como um pastor zeloso e vigilante.
Em 2003, durante as celebrações conjuntas de seu 80º aniversário natalício e o 50º aniversário de sua ordenação sacerdotal, escreveu os seguintes versos:
"caminhei durante oitenta anos entre vicissitudes.
Ao entardecer da vida fui nomeado pároco de Lu'an.
Já não tenho ambições no mais profundo do coração,
Salvo o possuir a luz Divina como guia em meu caminho.
Não tenho nada para agradecer a imensa graça recebida,
Um ancião débil, mas cheio de valor,
Com minhas forças, confrontarei humilhações e privações.
Embora não seja digno, farei tudo com coração sincero".

segunda-feira, 4 de junho de 2012

VII Encontro Mundial das Famílias

O Papa Bento XVI pediu às famílias que recordem que, apesar das dificuldades que enfrenta a vocação matrimonial nestes tempos, o amor é “a única força que pode verdadeiramente transformar o mundo”.
Em sua homilia durante a Missa de encerramento do VII Encontro Mundial das Famílias, no Parque Bresso de Milão diante de mais de um milhão de fiéis, Bento XVI assinalou aos esposos presentes no evento que “na vivência do matrimônio, não dais qualquer coisa ou alguma atividade, mas a vida inteira. E o vosso amor é fecundo, antes de mais nada, para vós mesmos, porque desejais e realizais o bem um do outro, experimentando a alegria do receber e do dar”.
“Depois é fecundo na procriação generosa e responsável dos filhos, na solicitude carinhosa por eles e na educação cuidadosa e sábia. Finalmente é fecundo para a sociedade, porque a vida familiar é a primeira e insubstituível escola das virtudes sociais, tais como o respeito pelas pessoas, a gratuidade, a confiança, a responsabilidade, a solidariedade, a cooperação”.
O Santo Padre precisou que “Não é só a Igreja que é chamada a ser imagem do Deus Uno em Três Pessoas, mas também a família fundada no matrimônio entre o homem e a mulher. No princípio, de fato, «Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus: Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: "Crescei e multiplicai-vos"» (Gn 1, 27-28)”.
“Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade, mas também com características próprias e complementares, para que os dois fossem dom um para o outro, se valorizassem reciprocamente e realizassem uma comunidade de amor e de vida. O amor é o que faz da pessoa humana a autêntica imagem de Deus”, completou.
“Aos vossos olhos foi oferecido o testemunho de tantas famílias, que indicam os caminhos para crescer no amor: manter um relacionamento perseverante com Deus e participar na vida eclesial, cultivar o diálogo, respeitar o ponto de vista do outro, estar disponíveis para servir, ser paciente com os defeitos alheios, saber perdoar e pedir perdão, superar com inteligência e humildade os possíveis conflitos, concordar as diretrizes educacionais, estar abertos às outras famílias, atentos aos pobres, ser responsáveis na sociedade civil”.
Bento XVI sublinhou que “todos estes são elementos que constroem a família. Vivei-os com coragem, pois na medida em que, com o apoio da graça divina, viverdes o amor mútuo e para com todos, tornar-vos-eis um Evangelho vivo, uma verdadeira Igreja doméstica”.
O Santo Padre pediu aos esposos cuidar dos seus filhos e, “num mundo dominado pela técnica”, transmitir-lhes com serenidade e confiança as razões para viver, a força da fé desvendando-lhes metas altas e servindo-lhes de apoio nas fragilidades.
“Mas também vós, filhos, sabei manter sempre uma relação de profundo afeto e solícito cuidado com os vossos pais, e as relações entre irmãos e irmãs sejam também oportunidade para crescer no amor”.
Em sua homilia, o Papa recomendou às famílias que peçam freqüentemente a ajuda da Virgem Maria e São José para ensinar-lhes a acolher o amor de Deus, tal como eles o acolheram.
Bento XVI também se dirigiu a aqueles fiéis que, apesar de compartilhar e viver os ensinos da Igreja sobre a família “estão marcados por experiências dolorosas de falência e separação. Sabei que o Papa e a Igreja vos apoiam na vossa fadiga. Encorajo-vos a permanecer unidos às vossas comunidades, enquanto almejo que as dioceses assumam adequadas iniciativas de acolhimento e proximidade”.
O Papa recordou às famílias que “para nós, cristãos, o dia de festa é o Domingo, dia do Senhor, Páscoa semanal”.
“Queridas famílias, mesmo nos ritmos acelerados do nosso tempo, não percais o sentido do dia do Senhor! É como o oásis onde parar para saborear a alegria do encontro e saciar a nossa sede de Deus”.
O Papa destacou que família, trabalho e festa são “três dons de Deus, três dimensões da nossa vida que se devem encontrar num equilíbrio harmonioso”.
“Harmonizar os horários do trabalho e as exigências da família, a profissão e a maternidade, o trabalho e a festa é importante para construir sociedades com um rosto humano”.
Bento XVI afirmou que “É preciso educar-se para crer, em primeiro lugar na família, no amor autêntico: o amor que vem de Deus e nos une a Ele e, por isso mesmo, «nos transforma em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja "tudo em todos" (1 Cor 15, 28)»”.

Fonte:ACI digital

domingo, 3 de junho de 2012

O Ícone da Santíssima Trindade

Os três anjos, perfeitamente iguais e todavia diferenciados, representam um só Deus em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
É próprio da Santíssima Trindade nem tanto diversificar, quanto ser una e indivisível, na sua essência e nas suas manifestações, embora na diversidade das Pessoas.
Conhecemos o Pai através do Filho: "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14,19).
Conhecemos o Filho através do Espírito: "Ninguém pode dizer Jesus Cristo é o Senhor, senão por meio do Espírito Santo"(1Cor 12,3).
Os cetros idênticos indicam a igualdade do poder do qual cada anjo é dotado. A diversidade é expressa através das cores das roupas, mas sobretudo pela atitude pessoal de cada um em relação aos outros.
No anjo da esquerda se reconhece a figura do Pai, no anjo central a do Filho e no anjo da direita a figura do Espírito Santo.
O PAI
O anjo da esquerda, o Pai, veste um manto lilás sobre uma túnica azul, símbolo da Sua divindade. O lilás é uma cor evanescente, quase transparente, sinal do mistério e da transcendência.
O seu manto cobre os seus dois ombros, ao contrário do Filho e do Espírito, porque Ele não é enviado, mas envia os outros. Este seu envio é indicado também pelo pé esquerdo, que parece estar iniciando um passo de dança, ao qual o Espírito, enviado no mundo depois do Filho, responde.
Tudo converge para ele, como para a fonte: os outros dois anjos, a rocha, a casa e a árvore. Está estático, reto, porque esta pessoa é origem de si mesma: é o sinal da majestade e a referência para os outros dois.
O gesto da mão e o olhar parecem confiar uma missão ao Filho que a acolhe, curvado, em sinal de consentimento. As Suas mãos não tocam a terra-altar, mas a abençoam com os dois dedos da mão direita levantados; Ele não está no mundo. A cabeça inclinada indica que Ele acolhe a oferta amorosa do Filho.
O FILHO
O anjo central, o Filho, traja a túnica ocre: a cor da terra, símbolo da sua natureza humana assumida na encarnação; o manto azul é sinal da natureza divina da qual se “vestiu” depois da sua vida na terra e cobre só um ombro, porque Ele é enviado pelo Pai. A estola amarela indica a missão vitoriosa do Cristo “sacerdote”, que se deu a si mesmo para a salvação do mundo e ressuscitou.
O seu corpo curvado e o olhar de Amor voltado para o Pai indicam a aceitação e a docilidade à vontade paterna. Está comunicando com o Pai a respeito da missão que cumpriu.
A sua mão direita, apoiada à terra-altar, é a mais próxima do cálice da oferta, porque ele é a oferta simbolizada pela cabeça do cordeiro. A mão reproduz o gesto de abençoar do Pai e o ato de apoiá-la à terra-altar indica a sua descida ao mundo através da encarnação; os dois dedos são o símbolo das suas duas naturezas: Ele é plenamente Deus e plenamente homem.
O ESPÍRITO SANTO
O anjo da direita, o Espírito Santo, traz sobre a túnica azul, símbolo da sua divindade, um manto verde-água: é a cor da vida, do crescimento e da fertilidade. No campo espiritual o verde é o símbolo da força vivificante do Espírito, que ressuscitou Cristo e comunicou ao mundo a plenitude do significado da Ressurreição.
É Ele quem dá a vida: o Espírito de Amor e da comunhão. Dos três, este é o anjo que tem a expressão mais reservada.
A sua figura é a mais curvada sobre a mesa, em atitude de escuta, de humildade e de docilidade. Revela-nos um aspecto novo do Amor, tipicamente feminino, que é também necessidade de ser acolhido, protegido, para ser fecundado.
A sua mão pendente sobre a terra-altar indica a direção da bênção: o mundo ao qual o Espírito dá vida e crescimento, fazendo germinar o cálice do sacrifício e o seu fruto.
O Espírito está participando profundamente do diálogo divino e está pronto para ser enviado ao mundo para continuar a obra do Filho.
O manto, apoiado sobre um dos seus ombros, e o pé, que está respondendo à dança iniciada pelo Pai, são símbolos do seu estar preparado para partir para cumprir a missão que lhe foi confiada: "Quando o Espírito vier, Ele vos guiará à verdade toda inteira... dirá tudo que já foi dito e lhes anunciará as coisas futuras" (Jo 16,13).
Todo o simbolismo iconográfico do ícone da Trindade nos mostra a tese eclesiológica fundamental: a Igreja é uma revelação do Pai no Filho e no Espírito Santo.
OS OUTROS ELEMENTOS
Atrás do Pai se vê a casa de Abraão, que se tornou templo, morada do pai e símbolo da Igreja, sua Filha, porque "corpo" de Cristo, segundo a teologia paulina.
O carvalho de Mambré se transforma na árvore da morte, da tentação de Adão, origem da queda da humanidade. Ela é também símbolo da vida: a cruz em que Cristo, o homem novo, pagou o resgate da humanidade.
A rocha-monte atrás do Espírito é, ao mesmo tempo, símbolo de proteção, de lugar "teofânico", isto é, lugar onde Deus se manifesta e símbolo da ascensão espiritual.
O vitelo ofertado por Sara numa bandeja se torna o cálice eucarístico.
O ouro, símbolo da luz divina: o fundo e as auréolas douradas são símbolo da luz divina, como o sol é fonte de toda luz e cor.
No ícone a luz não é natural mas espiritual: provém da graça recebida, por meio do Espírito, antes de tudo pelo iconógrafo, na contemplação do mistério que ele vai representar, depois por quem contempla o ícone com a mesma atitude de oração.
PERSPECTIVA INVERSA E ATITUDE NA FRENTE DO ÍCONE
Os ícones não são autônomos, mas são "escritos" em função da liturgia e concebidos para um espaço litúrgico: é uma mensagem de fé, um "lugar" de encontro com Deus, através daquilo que está representando.
Esse encontro acontece na oração, na medida em que o ícone, além de ser admirado, suscita em quem o está contemplando a experiência da qual nasceu.
Como em cada ícone oriental, os pontos de vista do artista e do admirador não coincidem. Nos ícones encontramos o sistema de perspectiva inversa que elimina a distância e a noção de profundidade, onde tudo desaparece no horizonte. O efeito, no ícone, é contrário: aproxima as pessoas em um primeiro plano contemplativo, facilitando a entrada de quem está olhando no coração da cena, na profundidade do mistério. Mostra que Deus está lá, que está em todo lugar.
A atitude justa frente a cada ícone é a oração e a contemplação, como diante de uma janela aberta para o transcendente.
Nunca se pode dizer que o ícone está acabado, o último toque toca a quem olha com atitude humilde de escuta da Palavra escrita.
O ícone é dialógico por natureza, porque nos convida a entrar em diálogo com o Mistério representado. Quem aceita o convite e entra nesse mistério, participa do banquete: o Pai, o Filho e o Espírito Santo querem viver com o homem o que vivenciam entre eles.
Gostaríamos de acolher o convite a sentar-nos a mesa com os Três, participar da conversa sagrada, captar e tornar nossa a troca de Amor e comunhão entre as três pessoas, aparentemente idênticas, mas distintas na própria missão.
Queremos assumir a mensagem deste ícone, que é a de Cristo de João 17,20-21: "Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste."
O Espírito é o Amor entre o Pai e o Filho, portanto, queremos nos tornar dóceis à sua ação, para viver a mesma comunhão de Amor que o Pai quer e o Filho opera por meio do Espírito.
"A comunhão dos cristãos tem por modelo, fonte e meta a mesma comunhão do Filho com o Pai no dom do Espírito." (ChL 18).
Fonte: Comunidade Missionária Villaregia: http://www.cmv.it/nuke/index.php