VATICANO, 20 Mar. 13 / 03:50 pm (ACI/EWTN Noticias).- Ao receber na manhã de ontem membros de diversas delegações cristãs e de outras religiões provenientes de todo o mundo e que participaram da Missa (dia 19/03) de inauguração do pontificado, o Papa Francisco fez uma viva exortação a "manter viva no mundo a sede do absoluto", da busca da bondade, da verdade e da beleza de Deus.
Assim indicou o Santo Padre em seu discurso na manhã desta quarta-feira, 20, no Vaticano aos delegados entre os quais se encontrava o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, com quem teve antes uma audiência privada. Sua presença foi muito bem recebida considerando que passaram quase mil anos para que um Patriarca ortodoxo de Constantinopla estivesse presente em Roma para o início de um pontificado.
O Papa Francisco pediu aos presentes serem conscientes da "responsabilidade que todos temos para com este nosso mundo, para com toda a criação, que devemos amar e proteger. E nós podemos fazer muito pelo bem de quem é mais pobre, de quem é indefeso e de quem sofre, para favorecer a justiça, para promover a reconciliação, para constituir a paz".
"Mas, sobretudo, devemos manter viva no mundo a sede do absoluto, não permitindo que prevaleça uma visão da pessoa humana em uma só dimensão, segundo a qual o homem se reduz àquilo que produz e àquilo que consome: esta é uma das armadilhas mais perigosas para o nosso tempo", assegurou.
Em nome dos delegados, Bartolomeu I saudou o Papa recordando a "‘alta, grave e difícil tarefa’ que suporta seu ministério" reiterando, ademais, a necessidade das Igrejas de afastar-se do que é mundano e da unidade entre os cristãos.
Francisco, que escutou as palavras do Patriarca sentado em uma poltrona, e não no trono habitualmente disposto na Sala Clementina, agradeceu a Bartolomeu I, chamando-lhe "Meu irmão André", já que os patriarcas de Constantinopla são considerados os sucessores do apóstolo André, o irmão de Simão-Pedro.
O Santo Padre agradeceu logo a todos pela presença e oração de cada um deles "pela unidade entre os que acreditam em Cristo e juntos para ver de algum modo prefigurada aquela plena realização, que depende do plano de Deus e da nossa leal colaboração".
"Inicio o meu ministério apostólico durante este ano que o meu venerado predecessor, Bento XVI, com intuição verdadeiramente inspirada, proclamou para a Igreja católica Ano da Fé".
"Com esta iniciativa, que desejo continuar e espero que sirva de estímulo para o caminho de fé de todos, ele quis marcar o 50º aniversário do Concílio Vaticano II, propondo uma espécie de peregrinação através disso que representa para cada cristão o essencial: o relacionamento pessoal e transformante com Jesus Cristo, Filho de Deus, morto e ressuscitado para a nossa salvação. Propriamente no desejo de anunciar este tesouro perenemente válido da fé aos homens do nosso tempo, consiste o coração da mensagem conciliar".
Francisco recordou também palavras de seu predecessor João XXIII: "A Igreja Católica considera seu dever trabalhar ativamente para que se cumpra o grande mistério daquela unidade que Cristo Jesus com ardentes orações pediu ao Pai Celeste na iminência do seu sacrifício".
Logo recordou o que Cristo falou "Ut unum sint", (que sejam um) para "ser capazes de dar testemunho livre, alegre e corajoso. Este será o nosso melhor serviço à causa da unidade entre os cristãos, um serviço de esperança para um mundo ainda marcado por divisões, por disputas e rivalidades".
"Da minha parte, desejo assegurar, na trilha dos meus Predecessores, a firme vontade de prosseguir no caminho do diálogo ecumênico e agradeço desde já ao Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, pela ajuda que continuará a oferecer, em meu nome, para esta nobilíssima causa".
O Pontífice pediu logo "levar a minha cordial saudação e a segurança da minha lembrança no Senhor Jesus às Igrejas e Comunidades cristãs que aqui vocês representam e peço a vocês a caridade de uma especial oração pela minha pessoa, a fim de que possa ser um Pastor segundo o coração de Cristo", solicitou aos cristãos.
Aos judeus recordou que "nos une um vínculo espiritual muito especial", explicado no Decreto Nostra Aetate do Vaticano II: "o mistério divino da salvação, nos Patriarcas, em Moisés e nos profetas". "Confio que, com a ajuda do Altíssimo, poderemos prosseguir proveitosamente o diálogo fraterno", anunciou.
Depois saudou os muçulmanos que, disse, "adoram Deus único, vivente e misericordioso, e o invocam na oração, e a todos vocês. Aprecio muito a vossa presença: nela vejo um sinal tangível da vontade de crescer na estima recíproca e na cooperação para o bem comum da humanidade".
O Papa insistiu na importância da "promoção da amizade e o respeito entre homens e mulheres de diferentes tradições religiosas" e agradeceu o trabalho do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso.
O Santo Padre recordou deste modo sobre "quanta violência produziu na história recente a tentativa de eliminar Deus e o divino do horizonte da humanidade, e sentimos o valor de testemunhar na nossa sociedade a originária abertura ao transcendente que é inerente ao coração do homem".
"Nisso, sentimos próximos também todos aqueles homens e mulheres que, embora não se reconhecendo pertencentes a alguma tradição religiosa, sentem-se, todavia, em busca da verdade, da bondade e da beleza, esta verdade, bondade e beleza de Deus, e que são nossos preciosos aliados no empenho pela defesa da dignidade do homem, na construção de uma convivência pacífica entre povos e no cuidado especial com a criação", concluiu.