Parentes no Paraná de dom Odilo Scherer, cardeal brasileiro apontado com chances de se tornar papa, fizeram uma reunião para "acalmar os ânimos" diante da possibilidade de o religioso gaúcho se tornar o novo líder da Igreja Católica.
Segundo um dos irmãos dele, Flávio, 67, os familiares próximos foram orientados a não se expor e a ter "pés no chão" porque as chances do arcebispo de São Paulo são "remotíssimas".
Mas houve espaço no encontro para a esperança: os irmãos Scherer também recomendaram, caso algum familiar tivesse a intenção de viajar às pressas ao Vaticano devido a uma eventual escolha de dom Odilo, que já providenciasse documentos, como passaporte. Ninguém comprou passagem.
O próximo pontífice será apresentado aos fiéis logo após o conclave, que deve começar na semana que vem.
A posse como chefe de Estado no Vaticano ocorre dias depois.
A imprensa italiana e vaticanistas colocam o cardeal brasileiro como um dos mais cotados para o cargo por quatro motivos: o trânsito com integrantes influentes do conclave, a idade (63 anos), a experiência em funções no Vaticano e a liderança de uma das principais dioceses do mundo.
No entanto, segundo Flávio Scherer, eleito o porta-voz da família, todos estão "vacinados contra a euforia".
Para ele, é muito maior a possibilidade de o religioso, após o conclave, ser escolhido para um outro cargo no Vaticano.
Os irmãos do cardeal dizem que ele se mantém "sereno" e procura discrição.
Flávio, professor universitário, e Lotário Scherer, 65, médico, falam que estão "apreensivos" pela importância da situação e o grau de responsabilidade que recai sobre o irmão.
"Ele pediu para ficarmos unidos e que nem sequer cogitássemos isso [ele virar papa]. O principal é vê-lo como eleitor [no conclave], não mais do que isso", diz Flávio.
Família de d. Odilo Scherer, reunida em 1964; o atual arcebispo de São Paulo é o segundo a partir da esquerda, na fila de trás, em pé, atrás de seu pai
FAMÍLIA 'SEMINARISTA'
Os
irmãos Scherer eram 13: duas meninas morreram ainda crianças. Os demais estão
espalhados por várias partes do país e até no Paraguai. Dom Odilo mantém
contato constante com eles e os recebeu no Natal em São Paulo.
O
religioso viaja periodicamente para o sudoeste do Paraná, onde cresceu. Ele
nasceu no Rio Grande do Sul.
No
início do ano, celebrou uma missa no interior paranaense em um encontro
nacional da família Scherer, do qual é idealizador.
Com
rotina exaustiva, ele costuma aproveitar suas viagens pelo mundo para se
aproximar da família. "Sempre que viaja [ao exterior], se vai para o
Japão, para o Canadá, para o Peru, ele convida. A gente, claro, arca com as
despesas e vai junto", diz Flávio.
Lotário
descreve dom Odilo como "vidrado" em fotografia e diz que o religioso
foi o primeiro da família a usar a internet para se comunicar. "Ele
comenta que o futuro da igreja depende bastante desses meios de
comunicação", diz o médico.
Dos
11 irmãos Scherer, 10 estudaram em seminários ou em congregações religiosas.
Mas só dom Odilo se tornou padre.
Filhos
de agricultores de origem alemã do interior gaúcho, eles cultivavam hábitos
tradicionais, como rezar o terço antes das refeições. O alemão era o primeiro idioma.
"Era
tradição nas famílias com grande número de filhos ter pelo menos alguém no
seminário, um padre, e ter uma freira", afirma Flávio.
A
mãe, Francisca, morta há sete anos, sonhava no início em ver o filho Odilo
bispo --o pai, Edwino, morreu em 1989.
À
família o religioso brasileiro, agora eleitor de conclave, descreveu o processo
de escolha que acompanhará pela primeira vez como uma espécie de
"retiro".
"Os
assessores choraram quando o viram partir [para o conclave] porque pensaram:
Será que volta? Mas ele nem sequer imagina isso. É possível ocorrer, mas seria
quebrar um paradigma da história", declara o irmão professor.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário