A ideia desta postagem nasceu de um e-mail que recebi do meu irmão, que é padre no México: Pe. Francisco Alexandre, Lc. Este e-mail falava sobre como as pessoas hoje se relacionam com seus animais de estimação, como se fossem seres humanos. Nesse e-mail, entre outras coisas, ele diz: “Estamos sendo manipulados por uma ideologia pagã, que promove o aborto e, ao mesmo tempo, nos envolve em uma cultura ambientalista falsa; onde os animais são colocados no mesmo nível do ser humano, que alcançou sua dignidade plena quando o próprio Deus se encarnou e o elevou, pelo batismo, a ser filho no Filho.”
Neste mesmo e-mail ele perguntou minha opinião sobre este assunto. Ao responder, percebi que talvez pudesse colocar no blog, para que mais pessoas pudessem compartilhar sobre esta opinião. Segue abaixo a minha resposta:
A minha opinião é que, com o iluminismo (século XVIII) – quando o homem tornou-se a medida de todas as coisas e o próprio Deus compreendido a partir desta perspectiva – esta mentalidade foi, aos poucos, durante séculos, dando os seus frutos. É como um prédio, do qual se retira sua coluna principal: o seu desmoronamento pode não ser no mesmo momento, mas será apenas uma questão de tempo.
O que assistimos hoje são as consequências desta mentalidade, que relativizou Deus e absolutizou o homem; agora, relativiza o próprio homem e absolutiza a natureza. É uma das consequências de Deus ter deixado de ser a referência central da cultura ocidental.
Por isso, hoje, se pensa em legalizar o aborto, o casamento homossexual, entre outros. Isso começou a alguns séculos, aparentemente restrito aos meios intelectuais, mas, aos poucos, tornou-se o senso comum até mesmo entre pessoas com vivência católica.
Quando leio os textos de Bento XVI, percebo claramente que o nosso problema central não é moral – as consequências é que são morais – e sim de fé. A nossa fé em Deus e o nosso relacionamento com Ele foi profundamente comprometido, tornando-se uma forma religiosa, intimista e profundamente subjetiva; a conclusão disso é uma forma de religião que não influencia a nossa mentalidade e, consequentemente, também não atinge nossas atitudes.
A forma como se tratam hoje os animais é só mais um sintoma de uma sociedade doente porque Deus não é reconhecido como Deus; e o mais doloroso é que estamos mais envolvidos nisso do que imaginamos: vemos isso nos membros da Igreja e na nossa família.
Creio que a libertação desta idolatria só acontecerá em nós com a adoração a Deus, pela vivencia litúrgica autêntica, a leitura orante da Palavra de Deus e pelo conhecimento da Sã Doutrina da nossa fé; não numa catequese na medida do gosto do homem de hoje, e sim naquilo que a nossa Igreja nos ensina: com a beleza e exigência próprias. Porque a adoração autêntica a Deus é fundada na verdade e sob a unção do Espírito Santo.