“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e, no Espírito, era conduzido pelo deserto” (Lc 4,1)
O dom do conselho é uma forma de participar da docilidade de Jesus ao Espírito Santo no cumprimento da vontade do Pai. Esta docilidade fica bem expressa quando Jesus diz no evangelho de João, no episódio do encontro com a samaritana, à beira do poço de Jacó: “meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34).
O dom do conselho realiza em nós esta docilidade à vontade de Deus, que ultrapassa a simples observância dos mandamentos e o que é próprio do estado de vida de cada um. Neste dom, a pessoa desenvolve uma percepção interior do que Deus deseja para cada circunstância da vida e, consequentemente, uma conformação de vontade com a vontade de Deus.
Os que são abertos a este dom, além de obedecerem aos mandamentos e àquilo que é próprio do seu estado – sacerdotal ,matrimonial ,consagrado e solteiro –, o Espirito Santo vai desenvolvendo meios da pessoa perceber mais detalhadamente a vontade de Deus.
O dom do conselho, quando é bastante desenvolvido, faz com que a pessoa possa também ajudar os outros na sua busca da vontade de Deus. Esse é o motivo desse dom ser de extrema importância para aqueles que exercem a direção espiritual.
Na história da Igreja, um grande santo tinha esse dom de forma extraordinária: santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas. Ele não só tinha docilidade à vontade de Deus na sua vida e na daqueles que ele dirigia, como desenvolveu regras e métodos para discernir a vontade de Deus.
Para receber este dom é necessário pedi-lo ao Espirito Santo com insistência e, juntamente com isto, exercitar a arte do discernimento. Esta prática, aliada a oração, nos abrirá ao dom do conselho. Abaixo colocamos algumas regras básicas do método de discernimento da vontade divina.
1º passo: desejar conformar toda a sua vida a vontade de Deus;
2º passo: cumprir os mandamentos da lei de Deus e da Igreja;
3º passo: ter o hábito da oração diária, especialmente da lectio divina, que nos ajuda a ter familiaridade com a voz de Deus para assim poder reconhecê-la nos nossos discernimentos;
4º passo: aprender a perceber no “coração” os sentimentos gerados por cada possível decisão, pois o que vem de Deus traz:
• Paz
• Alegria (serena e não eufórica e tola)
• Fervor
• Bons desejos
• Humildade perante Deus e os outros
• Gratidão
Já as decisões que não vêm de Deus trazem:
• Inquietação
• Ressentimento
• Desejo de vingança
• Raiva
• Desânimo
• Inconstância
• Alegria eufórica intercaladas com fortes tristezas
• Inconstância de ânimo
5º passo: ter um diretor espiritual que o ajude a ler junto com você os sinais do “coração”.
Concluímos com um aviso importante: estas orientações são básicas e bastante simplificadas, próprias para quem desejar iniciar este caminho de discernimento como meio de buscar a vontade de Deus e assim também abrir- se ao dom do conselho.
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