domingo, 1 de maio de 2011

João Paulo II na minha vida


Foto da comunhão com o Papa João Paulo II - Rio de Janeiro 1997

“Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”

Ao assistir pela TV a Beatificação do Papa João Paulo II, presidida por Bento XVI, veio ao meu coração a memória dos momentos marcantes da minha experiência com sua pessoa e ministério.
Não tenho lembrança de sua eleição, nem dos primeiros anos do seu pontificado. As imagens fortes que tenho dele são de sua primeira visita ao Brasil, no ano de 1980. Na época eu tinha 9 anos. Não me encontrei de forma direta com ele em nenhum dos grandes eventos de sua visita, até porque, naquele ano, ele não foi à cidade de Natal, onde eu morava. Contudo, a cobertura jornalística da época e a comoção do povo já me marcaram bastante.
Os anos se passaram, e, no ano de 1991, o Papa veio ao Brasil mais uma vez. Desta vez, ele veio à cidade de Natal para o Congresso Eucarístico Nacional. Naquela época, já era para mim um fato mais impactante, porque minha fé já tinha sido despertada. Foi uma experiência muito forte! Posso dizer que foi uma experiência profunda quando pude vê-lo de perto, passando no Papa-móvel, na celebração Eucarística. Foram dias inesquecíveis, que marcaram os meus primeiros passos de caminhada na fé.
Depois, no ano de 1997, João Paulo II veio mais uma vez ao Brasil, para o Encontro Mundial das Famílias, no Rio de Janeiro, cidade onde então eu morava. O Papa chegou ao Brasil no dia 02 de outubro e nesse mesmo dia eu e Marjorie ficamos noivos. Dois dias depois, tive a imensa graça de receber a comunhão das mãos de João Paulo II. Creio ter sido a maior emoção da minha vida! Um momento inesquecível, que não tenho palavras para descrever. Só posso citar um trecho de um poema de São João da Cruz: “e deixa-me morrendo. Um ‘não sei quê’, que ficam balbuciando”. Foi uma graça que me deu forças para perseverar na minha caminhada de fé.
O ano de 2002 foi um ano muito especial no meu relacionamento com João Paulo II, porque tive duas oportunidades de estar com ele. A primeira delas foi em julho, quando participei da Jornada Mundial da Juventude, em Toronto, no Canadá. Nela, tivemos dois momentos de encontro com o Papa que foram decisivos naquilo que seria, num futuro próximo, uma grande mudança na minha caminhada de fé: lembro que, na Celebração Eucarística, fiz uma oração, dizendo: “Jesus, até hoje realizastes todos os meus sonhos. Desejo, a partir de hoje, dedicar a minha vida a realizar os teus sonhos a meu respeito”. Não podia imaginar o quanto, a partir de então, minha vida mudaria.
Nesse mesmo ano, tive a oportunidade de ir a Roma para a Ordenação Sacerdotal do meu irmão, Pe. Francisco Alexandre, no dia 24 de dezembro. Neste mesmo dia, à noite, participei, na Basílica de São Pedro, da missa de Natal presidida por João Paulo II, que já estava muito debilitado. O que ficou mais forte, nesta oportunidade, foi que pude gritar bem forte, a menos de dois metros de distância dele: “Papa, nós te amamos!” João Paulo II tinha falado tantas coisas que marcaram minha vida e caminhada de fé, e neste dia, eu pude expressar toda a minha gratidão.
No ano de 2003 retornei à Europa, especialmente a Roma, conduzindo uma peregrinação que teve como ponto máximo a Beatificação de Madre Teresa de Calcutá, pelo Papa João Paulo II. Ele já estava fisicamente aniquilado, não conseguiu nem dizer as palavras da consagração, que precisaram ser pronunciadas pelo Cardeal que estava concelebrando a seu lado, o Cardeal Ratzinger, futuro Bento XVI. Foi a última vez que, em vida e de forma direta, o vi. Algo no coração já me fazia perceber que era nossa despedida. Diferente das outras vezes que o encontrei, não foi uma experiência de euforia efusiva, e sim uma experiência silenciosa e íntima, de quem se despedia de um ente querido.
Sua morte, eu acompanhei pela televisão. Na época, eu vivia um período de grande mudança. Estava saindo da Comunidade de Vida Shalom – onde tinha vivido treze anos, dos quais, os sete primeiros anos do meu casamento com a Marjorie – para fundarmos o Movimento da Transfiguração. Foi um período muito difícil e sofrido, onde eu começava a trilhar o caminho de realizar o sonho de Deus a meu respeito.
A forma como João Paulo II viveu seus últimos anos de vida, seu sofrimento e sua morte foram, para mim, um grande exemplo e força para abraçar a vontade de Deus na minha vida, especialmente, naqueles momentos tão dolorosos que vivíamos. Assim, posso dizer que o Movimento da Transfiguração foi gerado como fruto das dores e sofrimentos finais do Papa João Paulo II. Por isso, de forma especial, desde o momento de sua morte, coloquei a fundação deste Movimento sob a intercessão de João Paulo II, o que hoje, após sua Beatificação, podemos fazer de forma pública, dizendo: João Paulo II, rogai por nós!

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