sábado, 16 de fevereiro de 2013

A renúncia do Papa Bento XVI



Recebi a notícia da renúncia do Papa Bento XVI quando estava pregando o retiro do Movimento da Transfiguração no Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, no Paraná. Tomei um grande susto e confesso que levei alguns dias para conseguir assimilar essa notícia. Nestes últimos oito anos acompanhei seus passos quase que diariamente, e com isso fui desenvolvendo um relacionamento e afeto que se tem a um grande amigo ou a um familiar muito próximo. 


Na verdade tive meu primeiro contato com Bento XVI na época que ele era Cardeal, através da leitura de um livro de entrevistas: “Sal da terra e Luz do mundo”. Isso foi no ano de 1992. A partir daí, ele foi se tornando aquele que era o meu Cardeal preferido, por isso senti uma grande emoção quando o vi eleito Papa, em 2005. Desde esse dia minha aproximação de sua pessoa tornou-se cada vez mais intensa. 

É com um véu de tristeza no meu coração que tomo a consciência de que não poderei vê-lo – através das imagens – nas audiências gerais todas as quartas-feiras; nas transmissões das celebrações que ele presidia; e, principalmente, seus discursos e homilias que eu esperava ansiosamente a tradução para o português. Tenho que reconhecer que ele foi e é o grande mestre da minha vida cristã, pois seus ensinamentos foram uma janela que se abriu para que eu conhecesse mais o mistério de Deus, da Igreja e, consequentemente, da situação do mundo de hoje.

A sua renúncia ressalta duas virtudes vividas com muita intensidade: a humildade e a coragem. Santa Teresa de Ávila diz que a humildade é a verdade. Bento XVI, ao renunciar, fez uma análise muito profunda da verdade acerca de suas condições físicas e as necessidades da Igreja de hoje, mostrando com isso uma grande humildade, tendo assim a clareza do que era o melhor para Igreja. A segunda virtude, a da coragem de colocar em prática aquilo que sua consciência, iluminada pela luz da fé, o orientava a fazer, sem temer a expectativa das pessoas nem os seus comentários. Sua renúncia é um coroar da vivência dessas duas virtudes em toda sua vida. 

Bento XVI ficará na história como um grande mestre da fé, com a mesma grandeza que os padres da Igreja o foram. Acredito que seus escritos farão com que sua influência na Igreja cresça ao longo do tempo, como aconteceu com os grandes mestres da fé da Igreja, como: Santo Agostinho, Santo Inácio de Antioquia, São Tomás de Aquino e outros. Isto acontecerá especialmente porque, aliado a seus grandes conhecimentos teológicos, está sua santidade de vida. 

Resta-nos expressarmos nossa gratidão a Deus pelo bom pastor que Ele nos deu na pessoa de Bento XVI, e a nossa oração intensa e perseverante para que o Espirito Santo ilumine os Cardeais na eleição do novo Papa, para que ele seja um homem segundo o coração de Deus. 

Cesar Augusto Nunes de Oliveira
Fundador do Movimento da Transfiguração

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