A disposição do Tabernáculo eucarístico sobre a mesa do altar, que já encontramos nas Ordinationes de Alexandre IV aos Eremitas de Santo Agostinho no século XIII, se estabelecerá como uma verdadeira tendência a partir do século XVI. A primeira iniciativa nesse sentido foi tomada por Gian Mateo Giberti, bispo de Verona, que buscou implantar o tabernáculo sobre a mesa do altar-mor em toda a sua diocese. Giberti construiu um novo altar-mor em sua catedral na qual o tabernáculo figurava no centro, sobre a mesa do altar. Um biógrafo do dito bispo assim descreveu tal disposição do tabernáculo na igreja: tanquam cor in pectore et mentem in anima (“tal como o coração no peito e a mente na alma”). São Carlos Borromeo, Cardeal-Arcebispo de Milão reformou o altar-mor de sua catedral, retirando o antigo retábulo) e colocando sobre a mesa do altar-mor um Tabernáculo para guardar a Eucaristia, antes custodiada na sacristia da dita catedral. Apesar da divulgação de Borromeo e da imposição do Ritual do Papa Paulo V (1614) para a diocese de Roma, vários concílios deixaram liberdade de escolha para as dioceses sob qual modelo de receptáculo eucarístico adotar. Na maioria dos lugares da Itália continuou-se a usar tabernáculos de parede ou edículas eucarísticas (na França até o século XVIII era comum ainda o costume de manter uma píxide suspensa acima do altar-mor e na Bélgica e Alemanha mantiveram-se o uso das Sakramenthauz até meados do século XIX) . Em Roma, a maioria das igrejas barrocas (Gesú, San Ignacio) bem como as Basílicas maiores (reformadas durante a Renascença e o Barroco) cultivou o uso de uma Capela lateral específica com um altar para sustentar o tabernáculo onde se conservavam as santas espécies.
Dom Mauro Piacenza explica esse novo destaque ao local do Santíssimo na Igreja, forma de reafirmar a doutrina eucarística da Igreja contra as novas heresias protestantes:
“Como se sabe, aqueles eram os anos da aplicação das normas do Concílio de Trento (1545-1563), que, nesse caso, reagia à doutrina protestante que negava a permanência da presença real de Cristo nas espécies eucarísticas. Deve-se à exigência de afirmar a doutrina católica a difusão do posicionamento do tabernáculo, bem visível, sobre o altar maior. A forma mais comum era a pequena casa, incorporada à parte elevada do altar, ladeada por degraus (habitualmente dispostos em três níveis) sobre os quais eram postos castiçais para a ascensão de sírios, às vezes numerosos, sobretudo por ocasião das exposições eucarísticas solenes. Assim, a mesa se tornou, visivelmente, quase uma parte menor do altar, cada vez mais monumental, no qual foi dado grande desenvolvimento artístico a cruzes, castiçais, bustos-relicários ou estátuas de santos e de anjos, grandes retábulos, etc. No século XVIII, as obras mais
apreciadas eram as portinholas dos tabernáculos, em metais e pedras preciosas.”

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