O ministro paquistanês para as minorias, o católico Shahbaz Bhatti, foi assassinado a tiros na manhã desta quarta-feira por um grupo de homens armados, na capital Islamabad.
Homens mascarados detiveram seu veículo, obrigaram Shahbaz Bhatti a descer e abriram fogo contra ele durante dois minutos. Bhatti não tinha escolta.
O político de 42 anos acabara de ser confirmado em seu cargo. Ele tinha recebido ameaças de morte em várias ocasiões, por ter defendido Asia Bibi, mulher cristã acusada de blasfêmia. Ele defendia ainda a revisão da lei que prevê pena de morte em caso de blasfêmia.
O próprio Bhatti, em várias intervenções públicas, tinha falado do perigo que corria e das ameaças de que estava sendo objeto, especialmente depois do assassinato do governador de Punjab, Salman Taseer, por se opor à lei de blasfêmia.
“Sei que poderia ser assassinado ao continuar minha batalha, mas não tenho medo”, tinha dito publicamente.
Em declarações à Rádio Vaticano no dia 5 de janeiro, após a morte do governador de Punjab, Shahbaz Bhatti referiu-se às ameaças.
“Creio que a descoberta da violência não pode criar medo e não pode nos deter no compromisso de levantar a voz em favor da justiça e da proteção das minorias e das pessoas inocentes do Paquistão”, disse.
Reações
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, e o primeiro-ministro, Syed Yusuf Raza Gilani, condenaram o assassinato e asseguraram que esse tipo de ato “não fará o governo recuar em sua luta contra o terrorismo e o extremismo”.
O ministro do Exterior italiano, Franco Frattini, expressou pessoalmente e em nome do governo “a mais firme condenação deste bárbaro atentado” que custou a vida de Bhatti, uma pessoa que “se havia destacado por sua visão e compromisso por construir uma sociedade baseada no diálogo e na tolerância pelas minorias e as diversas religiões”.
Para Dom Joseph Coutts, bispo de Faisalabad e vice-presidente da Conferência Episcopal paquistanesa, hoje “é um dia verdadeiramente obscuro para os cristãos no Paquistão”, trata-se de uma “notícia terrível que nos coloca em uma situação de gravíssima emergência”.
“Os cristãos não só estão tristes, mas também enfurecidos, teremos de fazer algo para nos organizar por nós mesmos”, disse ainda, em declarações à agência italiana SIR. “Este homicídio demonstra que nem sequer um ministro está a salvo”.
Em declarações a Asianews, Dom Anthony, bispo de Islamabad, que conhecia Shahbaz Bhatti desde a infância, recordou seu comprometimento.
“Ele deu tudo de si, manteve uma postura firme e pagou o preço com seu sangue”, afirmou o prelado. “O que aconteceu deveria abrir os olhos das minorias e do governo. Quanto sangue terá de ser derramado para entender que já se chegou ao limite?
Retirado da agência de notícias Zenit
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